Filmes de super-heróis estão, desde o início dos anos 2000, entre os principais responsáveis por manter as engrenagens de Hollywood girando. Mais do que máquinas de fazer dinheiro, os blockbusters derivados dos quadrinhos também tornaram-se passagem obrigatória para qualquer ator que almeje uma estrela na Calçada da Fama ou queira manter-se em alta ou, ainda, que precise de um desfibrilador na carreira.
O caso mais emblemático do quão benéfico pode ser um filme de super-herói é o de Robert Downey Jr. Depois de alcançar o estrelato nos anos 1990, o ator caiu em descrédito pelo comportamento problemático devido ao abuso de drogas. Durante uma década, foi chamado só para produções independentes ou papéis pequenos. Sua sorte só mudou em 2008, quando vestiu a armadura do Homem de Ferro no longa que inaugurou o universo da editora Marvel nos cinemas.
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A excelente caracterização do genial, bilionário, playboy e filantropo Tony Stark botou Downey Jr. novamente em evidência. Ele acabou indicado ao Oscar no ano seguinte por “Trovão Tropical” e levou o Globo de Ouro por “Sherlock Holmes”. Hoje, é simplesmente um dos atores mais bem pagos da indústria.
Selo de qualidade
O êxito de Downey Jr. puxou a fila de astros que deixaram o preconceito de lado e toparam encarnar personagens de histórias em quadrinhos – e a razão não é apenas financeira.
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“Atores e atrizes, mesmos os grandes, estabelecidos, precisam demonstrar que são versáteis e não se dedicam a um só tipo de filme”, comenta a jornalista cultural Ana Maria Bahiana. “Fazer um papel, mesmo menor, num filme de super-herói, resolve essa questão, conecta o ator com novas plateias e, em geral, rende um bom cachê por poucos dias de trabalho [porque o papel é menor...].”
Marcelo Hessel, crítico de cinema do site Omelete, concorda com Ana Maria. “Atores tarimbados raramente ocupam posições chave nesses filmes. Na maioria das vezes, são coadjuvantes de luxo para dar a essas produções um suposto selo de qualidade”, diz.
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Mesmo não encabeçando a maior parte dos longas – duas exceções são Sir Ian McKellen vivendo Magneto em “X-Men” (2000), e Ben Affleck como o Batman de “Batman vs. Superman” (2016) –, a proporção de astros consagrados em filmes do gênero só aumenta.
Catapulta
Além de manter em evidência e salvar carreiras, os super-heróis também se tornaram catapultas de talentos. Que o diga Tom Hiddleston, ator de séries de televisão que, depois de encarnar o vilão Loki em “Thor” (2011), fez “Meia-noite em Paris”, de Woody Allen, “Cavalo de Guerra”, de Steven Spielberg e a “A Colina Escarlate”, de Guillermo del Toro.
“É a plataforma que qualquer ator iniciante espera”, crava Alexandre Callari, do site Pipoca e Nanquim e um dos autores do livro “Quadrinhos no Cinema”. Mesmo um fracasso é capaz de fazer uma carreira em Hollywood, como é o caso de Jason Momoa e seu “Conan” (2011). Hoje em dia, filmes de heróis são sinônimo de público. São os mais falados na internet. O que motiva promoção na grande mídia, também.
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