Com elementos de humor negro, “A Visita” investe no filão “nada é o que parece ser” e segue os passos de casal de irmãos enviado pela mãe para passar uma temporada na fazenda dos avós, uma dupla com hábitos perturbadores que pode colocar em risco a vida dos jovens. Em entrevista concedida em Nova York, o diretor M. Night Shyamalan fala do filme e de sua carreira.
Até que ponto a crítica negativa de “Depois da Terra”, uma de suas produções mais caras (de US$ 130 milhões) foi responsável pelo seu redirecionamento profissional?
Quando me perguntei o que queria fazer com a minha carreira, a ideia de rodar filmes menores me pareceu boa por trazer um equilíbrio. Também queria retomar as obras mais pessoais, em que conto minhas histórias. A ideia de “Depois da Terra” não foi minha (o argumento é de Will Smith, que estrela o filme de 2013 ao lado de seu filho, Jaden Smith), o que resultou em outra forma de trabalhar. Mas não vou reclamar disso. Ao me expor e correr riscos, acho que posso me tornar a melhor versão de mim mesmo.
Como se sentiu sendo tão atacado por causa de seus filmes anteriores, que levaram à perda de confiança dos estúdios em você?
Como artista, questiono o que faço o tempo todo. Contanto que meus valores estejam em meus filmes, estou em paz comigo. Aprendi que sempre haverá diversas narrativas para contar a minha trajetória. E nenhuma delas, boa ou má, corresponderá à verdade, por representar uma visão de fora. Acredito que ser famoso é nunca deixar a fase de garoto mais popular do ginásio, algo que não me faz falta. O meu trabalho é fazer filmes e continuar aprendendo, sempre.
“A Visita” também foi um aprendizado, sobretudo em provar que um bom thriller não exige tantos recursos no set?
Foi. Nas minhas mãos, quanto mais minimalista, mais eficaz é o suspense. Sem os excessos, percebo melhor quais os elementos realmente são importantes. Depois disso, é mais fácil deixar a trama incompleta, obrigando a plateia a participar, ao acrescentar a última peça do jogo. Um exemplo seria uma cena em que o público não sabe quem é o bom e o mau da história, mas consegue perceber sozinho quem é quem, antes do desfecho.
O filme brinca com a paranoia de envelhecer, não?
A ideia nasceu justamente do medo que as pessoas têm dos idosos, o que é uma extensão do nosso medo de morrer. Por isso, jogo com as coisas estranhas que acontecem com o nosso corpo e a nossa mente no último estágio. Quando era criança, eu ficava chocado quando o meu avô tirava a dentadura e a colocava num copo de água, enquanto conversava comigo.
Em “A Visita”, tudo acontece por uma razão, algo recorrente em sua obra. Você é assim? Procura significado em tudo?
Sim, o que deixa a minha mulher louca. Pela minha filosofia de vida, não conseguiria contar uma história sem que tudo se encaixasse no final. Por trás das coisas ruins, prefiro ver uma razão e não apenas um vazio. O obstáculo pode ser o caminho. O que julgamos ser o nosso problema, seja o chefe chato, o namoro desfeito ou o acidente de carro, talvez seja a solução para a nossa vida. Evitar a dor não adianta nada. É melhor passar por ela e ressurgir como o pássaro Fênix.
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