Poucas vezes o título de um filme sintetizou tão bem seu conteúdo quanto “Ausência”. O longa de Chico Teixeira (de “Casa de Alice”), premiado como melhor filme no último Festival de Gramado e ainda sem previsão de estreia em Curitiba, explora um universo em que personagens solitários sofrem. No centro da narrativa estão um adolescente, Serginho (Matheus Fagundes), e a mãe, Luzia (Gilda Nomacce), ambos tentando preencher o vazio deixado pelo pai que saiu de casa.
Superficial
Os dois protagonistas são o ponto forte de “Ausência”. Tanto Matheus Fagundes quanto Gilda Nomacce conseguem dar conta de personagens complexos, que se expressam com poucas palavras e muitos silêncios. O bom desempenho da dupla, no entanto, não é suficiente para alavancar o filme. Pontuada por vários dilemas , a narrativa acaba não avançando em nenhum deles. A relação entre Serginho e o “professor”, que seria um dos pontos altos da história, esbarra na superficialidade.
Serginho trabalha com o tio em uma feira, dividindo o tempo vago entre a companhia de dois amigos e as visitas a Ney (Irandhir Santos), a quem chama de “professor”. Não se sabe ao certo a relação entre os dois, ao mesmo tempo próxima e com certo distanciamento. Já Luzia, que não consegue superar o trauma da separação, se entrega ao alcoolismo e à depressão.
Em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, tanto Matheus como Gilda disseram acreditar que uma parcela expressiva do público tende a se identificar com a história de “Ausência”. “Existem muitos ‘Serginhos’ por aí, pessoas que não são vistas, tocadas. É um filme que fala do que se tem de mais nobre, que é o sentimento”, diz o jovem ator, estreante em longas metragens.
Gilda, por sua vez, ressalta que o filme trata da questão do abandono, não somente em relação à juventude, mas às pessoas de uma forma geral. “Quando se é jovem, por mais desamparado que estejamos, ainda é da nossa natureza sonhar. Já muitos adultos, quando abandonados, não recebem nenhuma compaixão, como é o caso da Luzia [sua personagem]”, afirma.
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