A primeira frase dita em “Victor Frankenstein”, a mais recente e desnecessária adaptação do clássico gótico de Mary Shelley, é: “Vocês já conhecem a história”.
Mas o diretor Paul McGuigan e o roteirista Max Landis tentam subvertê-la, o que talvez seja o menor dos problemas. Eles partem da ideia inicial, do cientista brilhante e louco, e adicionam uma dezena de clichês antigos (já perpetuados nas diversas versões cinematográficas) e outros novos, como uma subtrama romântica e uma dose de psicologismo barato.
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O revisionismo introduz uma leitura século 21 ao original do século 19, pautando-o por um “romance” entre o doutor Victor Frankenstein (James McAvoy) e Igor (Daniel Radcliffe), seu assistente brilhante. Ele é um corcunda de circo quando se conhecem, ao salvar a vida de uma trapezista (Jessica Brown Findlay), por quem o rapaz é apaixonado, mas ignorado.
Percebendo o potencial do jovem para a ciência, Frankenstein salva sua vida, levando-o para morar e trabalhar com ele, curando sua corcunda e melhorando sua aparência. Acolhendo-o em sua casa, um galpão onde realiza suas experiências, espera contar com Igor para sua grande criação: ressuscitar os mortos.
Obviamente, há todas as implicações éticas e religiosas comuns à trama, mas elas são meras desculpas para a participação de um detetive da Scotland Yard (Andrew Scott), cuja função é alongar o filme, chegando a inexplicáveis 109 minutos. A direção de arte recria uma Londres artificial no filme, cuja leitura século 21 mostra-se excessiva.
Radcliffe se esforça para deixar para trás Harry Potter, seu personagem mais famoso, mas sua limitada habilidade dramática, aqui, esbarra em McAvoy – que tem um personagem mais interessante e mais talento. Já o clímax, envolvendo a famosa criatura, é uma festa de efeitos especiais que em nada contribuem, fazendo de “Victor Frankenstein” um filme B com orçamento e sem humor.
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