Nos últimos meses, muito se discutiu no Brasil a respeito da chamada “cultura do estupro”. O debate foi suscitado pelo crime ocorrido no fim de maio no Rio de Janeiro, quando uma jovem de 16 anos foi violentada por vários homens. “Agnus Dei”, filme francês que chega esta semana aos cinemas, reforça que essa cultura já vem de longa data e não é exclusiva de um único local.
O filme da diretora Anne Fontaine (“Coco Antes de Chanel”) reconstrói um episódio real ocorrido ao final da Segunda Guerra Mundial. Em dezembro de 1945, logo que o conflito foi encerrado, a médica Mathilde Beaulieu (Lou de Laâge) trabalhava em um posto francês da Cruz Vermelha na Polônia. Certo dia, ela é chamada por uma freira polonesa para atender uma religiosa que está muito doente em um convento.
Ao chegar ao local, Mathilde descobre que a situação é bem mais séria do que se imaginava. Várias freiras estão grávidas, em razão de terem sido estupradas por soldados invasores. A médica tenta então ajudar as freiras, mas precisa enfrentar a resistência oriunda das convicções religiosas delas.
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“Agnus Dei” foi exibido no Festival Varilux de cinema francês, que no início de junho trouxe ao Brasil a atriz Lou de Laâge. Em entrevista à Gazeta do Povo, ela contou que a história foi descoberta pelo produtor Eric Altmayer, que conheceu uma pessoa da família da médica. “Essa pessoa tinha os diários escritor por Mathilde e, a partir deles, foi desenvolvido o roteiro”, diz.
De acordo com ela, até então a história era desconhecida na França. O lançamento do filme fez com que o assunto se tornasse alvo de discussões não apenas no país, mas em toda a Europa. “O Vaticano agradeceu, dizendo que esse era um filme terapêutico”, relatou a atriz. Lou de Laâge ressalta ainda que a intenção da diretora, ao realizar o filme, foi retratar a história sem julgamentos. “Anne [Fontaine, a diretora] não quis colocar um ponto de vista, mas deixar o espectador tirar suas próprias conclusões”.
Mais do que abordar a problemática da violência sexual, “Agnus Dei” trata de uma série de questões atemporais, avalia Lou de Laâge. “Não é apenas um filme sobre estupro. Ele constrói uma discussão religiosa e trata de um assunto delicado que é o desafio de ser mãe”, conclui.
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