Presidente da comissão que escolheu segunda-feira (12) “Pequeno segredo” como representante brasileiro na disputa por uma vaga ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o cineasta Bruno Barreto disparou nesta terça-feira contra o que chamou de “displicência” da produtora e ex-secretária de Cultura do Rio Adriana Rattes e da atriz e cineasta Carla Camurati, também membros do comitê. Ausentes da reunião do grupo, em São Paulo, as duas votaram à distância.
Para Barreto, embora o processo tenha sido “liso” e sem “nenhuma pressão política”, Adriana e Carla desrespeitaram os colegas e prejudicaram a discussão.
“Um debate justo se faz com todos presentes. As pessoas que faziam parte da comissão eram qualificadas, todos os filmes (16 inscritos) foram debatidos, e o resultado foi o que foi. Se elas estivessem lá, o desfecho poderia ter sido outro. A ausência delas me deixou muito irritado porque gera um monte de teorias de conspiração que não são verdadeiras”, disse ao GLOBO, em referência à polêmica em torno da não indicação de “Aquarius”, filme de Kleber Mendonça Filho lançado no Festival de Cannes, em maio, com protestos da equipe contra o impeachment de Dilma Rousseff.
“O ministério não fez força contra o filme (“Aquarius”). A comissão não sofreu pressão política. O ministro (da Cultura, Marcelo Calero) falou em entrevista que gosta do filme. Em outros anos, milhões de filmes que poderiam ter chance também perderam em votação, isso acontece.”
A reunião da comissão, marcada para as 11h de segunda, foi atrasada por 45 minutos na tentativa de dar mais tempo para que Carla, presa no aeroporto Santos Dumont, chegasse. Adriana avisara com antecedência que não iria, segundo o cineasta. Na primeira votação, chegou-se a um impasse: quatro votos para “Aquarius”, quatro para “Pequeno segredo” e um para “Nise - O coração da loucura”. Após nova discussão, o grupo de nove integrantes decidiu pelo drama autobiográfico de David Schurmann. O GLOBO apurou que, além do declarado voto da pesquisadora Silvia Rabello, tanto Adriana quanto Carla escolheram “Aquarius” para representar o Brasil.
Carla evitou comentar as declarações do colega, “uma pessoa de quem gosto muito”. Ela conta que foi ao aeroporto, mas não voou no horário por um problema de overbooking — o que Barreto chamou de “desculpa esfarrapada”.
“Não soube do que houve na votação e, como estava no aeroporto, poderiam ter me acionado, me dito que havia um impasse, que me esperariam chegar pra resolver”, afirma. “Como tive esse problema prático, houve a decisão consensual de que eu mandasse meu voto.”
Sobre o resultado, ela declarou que “estão tentando politizar uma decisão que não foi política, mas cinematográfica.”
“O ministério não fez força contra o filme (“Aquarius”). A comissão não sofreu pressão política. O ministro (da Cultura, Marcelo Calero) falou em entrevista que gosta do filme. Em outros anos, milhões de filmes que poderiam ter chance também perderam em votação, isso acontece. Acredito que “Aquarius” teria uma pegada interessante na disputa do Oscar. Mas não acho que perdemos a nossa chance. Quem disse que “Pequeno segredo” não pode ter qualidade para uma boa recepção internacional?”
Procurada, Adriana Rattes não foi encontrada até o fechamento desta edição.
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