”Caçadores de Emoção” é um catálogo de esportes

Refilmagens sempre foram prática no cinema industrial, um recurso que não se restringe a momentos de crise de criatividade. Mas, se o original permanece na memória coletiva, a comparação é inevitável e a versão vista como cópia, desnecessária. É o que acontece com “Caçadores de Emoção – Além do Limite”.

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O original, de 1991, confirmou o estrelato de Patrick Swayze, logo após “Ghost”, e deu a Keanu Reeves ocasião para interpretar o tipo que consolidou sua imagem, como o agente do FBI Johnny Utah. E a malícia com que reinterpretou o lado brucutu dos “filmes para macho” alçou a diretora Kathryn Bigelow ao prestígio que tem até hoje.

A excitante mistura do universo do surfe com o do crime ainda incluía toques subversivos. Fantasiar bandidos com máscaras de ex-presidentes americanos, como Nixon e Reagan, em assaltos a bancos era uma divertida provocação.

Para se distinguir de um original tão icônico, a nova versão injeta mais adrenalina e transpõe a trama para o universo dos esportes radicais.

A apresentação das ações audaciosas de um bando em prédios, aviões e abismos anuncia que a trama criminal servirá apenas para alinhavar cenas espetaculares para um público sedento de adrenalina, sem a sedução do original.

Surfe em ondas gigantes, saltos de penhascos e descidas de picos gelados em snowboard enchem os olhos, amplificados pelo 3D, mas dão a impressão de que pagamos caro para ver um filme que não passa de um catálogo de modalidades.

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