Cannes não seria Cannes sem alguma controvérsia. Ela surgiu no início da segunda semana de competição quando, no domingo (17), um grupo de mulheres foi barrado na entrada da première mundial de Carol. A razão: elas não estavam usando sapatos de salto alto.
Segundo a revista de mercado Screen, as mulheres possuíam problemas de saúde que as impediam de usar saltos. O diretor do documentário Amy, sobre a cantora Amy Winehouse, confirmou que “o mesmo aconteceu” a sua mulher, a diretora de arte Victoria Harwood, mas que ela acabou conseguindo entrar no Palais des Festivals.
Nos convites para as sessões de gala, não está escrito que os homens devem usar smoking e as mulheres vestidos longos, mas é o que explicam quando distribuem os convites, reservados para convidados do festival, alguns moradores locais e para a equipe do longa em exibição. Ao contrário do Oscar, você não vê convidados no tapete vermelho de Cannes sem os trajes de gala.
Thierry Frémaux, diretor artístico de Cannes, foi ao Twitter para explicar que “os rumores que dizem que o festival insiste em salto alto para as mulheres no tapete vermelho são infundados”. Mas foi tarde demais. O assunto tomou conta de boa parte da principal entrevista da manhã de terça-feira (19) na Croisette.
A atriz Emily Blunt, que lança o filme Sicario como parte da competição oficial, foi clara sobre o assunto: “Todo mundo deveria usar solados baixos, para ser honesta. Não deveríamos usar sapatos de salto alto em canto nenhum”. “É decepcionante, principalmente quando você acha que há uma nova onda de igualdade. Uma das coisas que me atraíram para esse filme é porque mostra que uma mulher pode ser fascinante.”
O cineasta franco-canadense Denis Villeneuve tratou a polêmica com bom humor, jogando os outros protagonistas de Sicario, Josh Brolin e Benicio Del Toro, em uma saia justa. “Em protesto, Benicio e Josh vão de salto alto à nossa première”, brincou o diretor, enquanto Brolin imitava uma performance desequilibrada caso precisasse usar salto alto.
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