Orson Welles, uma das figuras mais decisivas na história do cinema, que deixou lembranças indeléveis como diretor, ator e roteirista, completaria 100 anos nesta quarta-feira (6). A agência Efe listou dez pontos para entender a genialidade de Welles.
1. Início no teatro
Jovem prodígio e órfão desde criança, se apaixonou cedo pelo teatro e encontrou espaço na cena nova-iorquina graças ao programa governamental Federal Theatre Project, com o qual produziu adaptações de Macbeth - com um elenco completamente negro - e The Cradle Will Rock.
Pouco depois e, após ser recomendado, entre outros, pelo romancista e dramaturgo Thornton Wilder, formou em 1937 a companhia do teatro Mercury junto com John Houseman. Sua primeira obra foi Julius Caesar, adaptada aos tempos modernos com uma alegoria sobre o fascismo.
2. A Guerra dos Mundos
A paranoia radiofônica criada em 1938 por Welles inspirada no romance de H.G. Wells. foi uma célebre produção da emissora CBS que provocou histeria na sociedade americana.
Foram 60 minutos que recriaram a chegada de marcianos a Nova Jersey e a destruição de bairros inteiros com raios mortíferos. Na realidade, se tratava de uma piada na véspera do Halloween que deixou os ouvintes enlouquecidos.
3. Os estúdios RKO
A brilhante travessura de A Guerra dos Mundos abriu as portas da Meca do cinema, e os estúdios RKO, uma das companhias clássicas da era dourada de Hollywood, assinaram seu primeiro contrato - e com um privilégio, controle artístico absoluto: com 26 anos interpretaria, dirigiria, escreveria e produziria seu próximo projeto.
Essa confiança se tornou Cidadão Kane, um fracasso comercial que fez a empresa perder US$ 150 mil (uma fortuna na época). Por isso, nunca recuperou a confiança dos grandes estúdios.
4. Cidadão Kane
A estreia do artista (1941) é considerada um dos melhores filmes da história, candidato a nove prêmios Oscar, inclusive de melhor filme, melhor ator e melhor diretor (ambos para Welles). Ganhou o de melhor roteiro original, reconhecimento dividido pelo cineasta com Herman J. Mankiewicz.
O filme conta a vida do magnata da imprensa Charles Foster Kane, uma figura fictícia baseada na vida de William Randolph Hearst.
5. Rosebud
É o último suspiro de Kane antes de morrer em uma sequência lendária que faz parte dos anais do cinema. É a palavra escrita no trenó em que o protagonista brincava quando criança na neve, e a cena, que continua a ser um grande mistério para muitos, ilustra a infância perdida do personagem milionário.
6. Shakespeare
Sua grande paixão. Macbeth foi rodado em menos de um mês em 1948 dentro de um estúdio, enquanto a filmagem de Othello durou de 1949 a 1952 por problemas de financiamento, que o obrigaram a aceitar diferentes trabalhos para reunir o dinheiro necessário para finalizar o projeto.
Apesar das várias críticas, conquistou a Palma de Ouro do Festival de Cannes. Falstaff - O Toque da Meia Noite (1965) foi rodado em 1965 na Espanha com um orçamento ínfimo que o obrigou a fazer uma só tomada de cada cena.
7. Casamento com Rita Hayworth
Welles se casou três vezes e teve um filho com cada mulher. Sua primeira esposa foi Virgínia Nicholson, de 1934 até 1940.
Três anos mais tarde se casou com a diva Rita Hayworth. Eles se divorciaram em 1948. Filmaram juntos A Dama de Xangai (1947).
Em 1955 se casou com Paula Mori, união que durou até sua morte, apesar de não o ter impedido de manter um relacionamento de 19 anos com a atriz croata Oja Kodar.
8. A Marca da Maldade
Possivelmente, uma das cenas mais analisadas e estudadas de sua filmografia é o plano sequência de mais de três minutos que abre o filme. Sem dúvida, um dos exemplos do virtuosismo e de sincronização de Welles com a câmera, com mudanças constantes do enquadramento, trocando planos e jogando com a amplitude do espaço.
9. Amor pela Espanha
As cinzas de Welles, fã da Espanha, especialmente da região de Andaluzia e de touradas, repousam em Ronda (Málaga), no sítio de propriedade do ex-matador de touros Antonio Ordóñez, depositadas ali pelo expresso desejo do cineasta em seu testamento.
10. Reconhecimentos
John Huston apresentou o Oscar honorário a Welles em 1971 e o artista, que não esteve presente na cerimônia, o aceitou com um vídeo onde disse: “É mais divertido olhar adiante do que para o passado. 30 anos de carreira dão para muito, mas não posso esquecer que passei esse tempo sozinho”.
Em 1975 recebeu a homenagem do Instituto do Cinema Americano (1975) e voltou a emocionar: “Esta honra só posso aceitar em nome de todos os inconformistas. Podem ser livres, mas não se consideram únicos nem se veem como os melhores”.
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