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Hugh Grant vive um roteirista fracassado em “Virando a Página”. | Divulgação
Hugh Grant vive um roteirista fracassado em “Virando a Página”.| Foto: Divulgação

O rosto de Hugh Grant, o ator britânico de “Um Lugar Chamado Notting Hill” e “Quatro Casamentos e um Funeral”, está marcado pelo tempo. Rugas pesadas pesam ao redor dos olhos, os dentes estão amarelados de um jeito que não se vê no cinema comercial. Talvez seja maquiagem, talvez sejam os 55 anos.

O papel dele em “Virando a Página” é o de um roteirista de cinema que amarga alguns fracassos depois de ter feito sucesso na indústria americana. Então a aparência abatida faz sentido. O filme passou rapidamente pelos cinemas e estreou há pouco na grade da Netflix.

Keith Michaels (Grant) não consegue mais emplacar roteiros e se vê numa crise financeira que o obriga a aceitar um emprego como professor numa universidade pequena da Costa Leste dos EUA.

Ele nunca deu aulas e não podia se importar menos com isso. Sua opinião sobre cursos de escrita é a de que “fracassados viram professores”.

Como se trata de uma comédia (romântica, em termos), você fica esperando a redenção e torce para se divertir no percurso. E talvez aqui apareça o maior problema de “Virando a Página”: o frustrado Michaels é sarcástico, mulherengo e arrogante. E ele só piora à medida que a história avança.

Num gênero em que personagens simpáticos são essenciais (pense em Grant com Julia Roberts em “Um Lugar Chamado Notting Hill”), o diretor e roteirista Lawrence entrega um protagonista desprezível. Mas uma ousadia assim poderia funcionar, não? Como meio de romper com uma fórmula batida...

Mas o filme não abraça seu protagonista canalha e essa é a razão por que ele não funciona. Michaels é superficial, sem motivações claras, perdido num enredo em que os coadjuvantes parecem mais interessantes (J. K. Simmons, o professor de música em “Whiplash”, faz o diretor da escola e rouba todas as cenas em que aparece).

Tudo que você consegue ver do personagem é a casca estragada que o envolve. E não há nada dentro dela.

O cansaço e o cinismo do roteirista contamina o filme, que se torna também cansado e cínico. No fim, quem se salva, além de Simmons, é Marisa Tomei como a mulher madura que retomou os estudos depois de se tornar mãe e Allison Janney (da série “West Wing”), como a professora de literatura fã de Jane Austen.

Embora reúna Grant e o diretor Marc Lawrence pela quarta vez – a dupla fez filmes eficientes como “Letra e Música” e “Amor à Segunda Vista” –, “Virando a Página”

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