Talvez você não saiba, mas o cinema curitibano tem corrido o mundo e faturado prêmios. O problema é que uma parte dessa produção, composta de curtas-metragens, geralmente fica restrita ao circuito dos festivais e poucas sessões em espaços alternativos. Para quebrar essa corrente, um grupo de cineastas locais se uniu para apresentar suas produções ao grande público. Nesta sexta (9) e sábado (10), duas sessões no Cinesystem Curitiba vão exibir cinco curtas locais premiados.
Na sexta, às 21 horas, serão duas animações: “Parque Pesadelo” e “Tango”, ambos dirigidos por Pedro Giongo e Francisco Gusso. O primeiro foi escrito por Aly Muritiba (“Para Minha Amada Morta”). No sábado, às 11 horas, será a vez de “Horizonte de Eventos”, de Gil Baroni, “Lobo”, de Thiago Busse, e “O Estacionamento”, de William Biagioli. Os ingressos custam R$ 5 e, após as sessões, haverá bate-papo com os realizadores.
“Parque Pesadelo” e “Tango”: sexta (9), 21 horas. “Lobo”, “Horizonte de Eventos” e “O Estacionamento”: sábado(10), 11 horas. Cinesystem Curitiba. Ingressos a R$ 5.
A iniciativa partiu de Biagioli, descontente justamente com o fato de que, mesmo realizados em Curitiba, alguns desses filmes permaneciam inéditos na cidade. “As pessoas cobram: ‘quando a gente vai poder ver o filme?’ Resolvi então procurar o Cinesystem, que abriu a oportunidade para exibirmos os filmes com qualidade, em uma sala de cinema de verdade”, conta. As salas foram alugadas e os organizadores apostam na bilheteria para cobrir os gastos.
Os cinco curtas têm propostas e linguagens diferentes entre si: de uma animação com temas folclóricos (“Parque Pesadelo”) a um documentário sobre um jovem portador do vírus HIV (“Horizonte de Eventos”). “São filmes que mostram uma produção plural. Acredito que juntos temos força para levar isso a um público maior, mostrar que tem gente fazendo bons filmes aqui”, diz Biagioli.
Saiba mais sobre os filmes
Lançado no ano passado, o curta nasceu de uma história criada por Aly Muritiba, diretor de “Para Minha Amada Morta”. Em um mundo fantástico, criaturas folclóricas como Saci, Curupira e Lobisomem se enfrentam e coabitam com os seres humanos. Dirigido por Pedro Giongo e Francisco Gusso, o filme foi realizado em cutout, técnica de stop motion que une bonecos e cenários de papel feitos e animados à mão. O curta foi exibido no Festival de Bienal de Curitiba no ano passado e ganhou o prêmio de melhor direção de arte no Festival Kinoarte, em Londrina.
Usando a mesma técnica de “Parque Pesadelo”, Pedro Giongo e Francisco Gusso adaptaram um conto de Franz Kafka, “Um Artista da Fome”. Contemplado pelo programa Rumos Itaú Cultural, o curta de animação conta a história de Zeferino, um menino que possui um talento incomum. “É um filme que tem uma carga política. Durante o tempo de realização, pegamos toda essa turbulência pela qual o país passou e usamos como alegoria”, revela Giongo. Exibido em diversos festivais, o curta recebeu menção especial no Festival StopTrik, na Eslovênia.
Dirigido por Thiago Busse, o filme conta um pouco da história do artista plástico, ator, músico e poeta português Carlos Trincheiras, conhecido como “Lobo”. Filho de uma bailarina renomada e um ex-diretor do Teatro Guaíra, ele se mudou para a Ilha do Mel e viveu isolado durante muito tempo. A estreia em Curitiba ocorreu há duas semanas, durante o evento Cine Arte Music Open Air, com o próprio Trincheiras na plateia. “Foi uma experiência incrível, ele ficou muito emocionado”, conta o diretor. O filme ganhou como melhor documentário no Festival Porto7, em Portugal, e levou cinco prêmios no Festival Kinoarte.
Pesquisador e experimentador de novas linguagens audiovisuais, Gil Baroni acaba de levar as telas o longa “O Amor de Catarina”, considerado um dos maiores lançamentos do cinema paranaense. Em “Horizonte de Eventos”, ele retrata a experiência de Gabriel Comicholi, que aos 19 anos, decidiu revelar pela internet ser portador do vírus HIV. “É um filme franciscano, atômico. Ele é simples, mas capaz de causar uma fissão nuclear”, ilustra o diretor, que usou imagens próprias e gravadas pelo próprio protagonista. O curta foi exibido no Festival Mix Brasil e premiado no Recifest.
Em 2013, milhares de haitianos viviam em Curitiba, trabalhando nos mais diferentes empregos. Explorados em seus trabalhos e “invisíveis” para grande parte da população, inspiraram o diretor William Biagioli a contar a história de um desses imigrantes, que vive em um estacionamento da capital. “É um filme que fala mais sobre os brasileiros do que dos haitianos”, avalia o cineasta, que fez a primeira exibição para um grupo de 80 imigrantes. “A reação foi impressionante, eles ficaram felizes de se verem representados em um filme”, diz. Foi eleito melhor curta-metragem no Festival do Rio e levou o Grande Prêmio do festival Curta Cinema de 2016.
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