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Robert Redford e Cate Blanchett em “Conspiração e Poder” | Divulgação/
Robert Redford e Cate Blanchett em “Conspiração e Poder”| Foto: Divulgação/

Logo no começo de “Conspiração e Poder”, Cate Blanchett, como Mary Mapes, vai a um advogado. É jornalista, produtora do prestigiado programa “60 Minutes”, e tem problemas por causa de uma reportagem com denúncias contra o presidente George W. Bush. Antes mesmo que comece a narrativa - o flashback - que vai contar a história para o público, Mary pergunta se o advogado acredita nela. A resposta só virá bem mais tarde. O marido também passa o filme convidando a mulher para uma caminhada no fim de noite e só no fim... Veja para ver o que acontece.

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“Conspiração e Poder” chama-se, no original, “Truth” (Verdade). É uma adaptação do livro “Truth or Duty: The Press, the President and the Privilege of Power”, de Mary Mapes, de 2006. Os fatos narrados referem-se a 2004. Depois de expor ao mundo as torturas no presídio de Abu Ghraib, Mary pesquisava, para o “60 Minutes”, uma denúncia sobre o envolvimento da família Bush com Bin Laden. O então presidente tentava a reeleição, e surgiu outra denúncia - de que ele havia usado favorecimentos para não servir no Exército no Vietnã.

A matéria foi ao ar e, logo em seguida, contestada. Seria embasada em depoimentos falsos e documentos forjados. Quem apresentara o programa fora Dan Rather, um dos jornalistas mais respeitados dos EUA. As suspeitas foram todas direcionadas para a produtora e Mary Mapes foi massacrada pela rede de TV CBS. Levantaram sua vida - sofrera abuso do pai, virara uma radical e teria direcionado seu ódio para o presidente. A CBS criou uma comissão para investigar o caso. Todos ao redor de Mary foram sendo perseguidos e expurgados.

O filme é interessante, levanta questões pertinentes sobre o exercício da profissão do jornalista - e sua vulnerabilidade. Dan Rather, que já é um veterano - e Robert Redford traz sua persona para o papel -, reflete sobre as mudanças do jornalismo, que começou como de utilidade pública, mas se tornou rentável e foi incorporado à área de entretenimento das redes.

Tudo isso é relevante, válido e o diretor James Vanderbilt, também autor do roteiro, desenvolve o relato de forma a que nos identifiquemos com Mary, que, afinal, é uma grande profissional e uma mulher decente. O problema é que as dúvidas durante o processo foram sendo relegadas a segundo plano. O principal documento foi redigido num Microsoft, que não havia na época, mas Mary e seus checadores aceitaram alegações de que havia máquinas que poderiam etc., etc. O espectador não é induzido a confiar. Permanece a dúvida.

Face a isso, o privilégio do poder - a presidência? Os interesses das empresas? - encarrega-se do resto. É interessante comparar a imprensa do filme com a do Brasil atual, em que a presidência também está colocada em xeque. Onde está a conspiração do título? Na jornalista, aparentemente, não. Na empresa? A CBS não exerceu nenhuma pressão contra a equipe, mas se recusou a divulgar campanha promocional para que Cate Blanchett e Robert Redford concorressem ao Oscar.

Ator já viveu outros dois jornalistas

Sua grande fase de galã já passou, mas, aos 79 anos, Robert Redford segue sendo uma figura carismática. Em 2016, completam-se 40 anos de “Todos os Homens do Presidente”, em que Redford fez seu primeiro jornalista: Bob Woodward, do caso Watergate. Em 1996, criou outro jornalista de TV - em “Íntimo e Pessoal”, mas o que importava era o romance com Michelle Pfeiffer, de quem se torna o mentor.

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