Diretor de “Boi Neon”, o cineasta Gabriel Mascaro decidiu retirar seu filme da disputa pela indicação do Brasil ao Oscar de melhor filme estrangeiro. “Não me sinto confortável em participar de um processo seletivo de interesse público que tem demonstrado imparcialidade questionável”.
Ele se refere à polêmica indicação de Marcos Petrucelli à comissão responsável por escolher o filme brasileiro que pode disputar uma vaga no prêmio americano. O crítico paulistano se manifestou contra o protesto político do elenco de “Aquarius”, filme de Kleber Mendonça Filho, no último Festival de Cannes.
“Espero que encoraje outros filmes brasileiros em situação semelhante a pensar a legitimidade do processo”, disse Mascaro.
Elogiado em Cannes, onde estreou, o filme de Kleber Mendonça Filho vinha sendo considerado candidato natural à escolha do país para disputar o Oscar. Mascaro, pernambucano como Mendonça Filho, diz ter decidido tirar seu filme da disputa em solidariedade à recepção politizada em torno de “Aquarius”.
“Espero que encoraje outros filmes brasileiros em situação semelhante a pensar a legitimidade do processo”
No festival francês, o elenco do filme, que tem Sônia Braga, Maeve Jinkings, entre outros, segurou cartazes dizendo “um golpe de Estado ocorreu no Brasil”, em referência ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Petrucelli, anunciado mais tarde como integrante da comissão, disse numa rede social que “vergonha é o mínimo que se pode dizer sobre o protesto”. A comissão do Oscar, com outros oito integrantes, nega qualquer partidarização no processo seletivo.
Há duas semanas, o Ministério da Justiça desencadeou outra polêmica envolvendo “Aquarius”, ao classificar o filme para maiores de 18 anos, atribuindo a decisão à presença de “sexo explícito e drogas” no longa que estreia em 1º de setembro.
A distribuidora do filme entrou com recurso, alegando que outros filmes com cenas mais fortes de sexo e uso de drogas receberam classificação de 16 anos, mas o recurso foi negado.
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