Fico feliz por poder, de alguma forma, representar o Brasil [na Academia dos EUA] e os segmentos minoritários
prêmio
“Mãe Só Há Uma” foi exibido no último Festival de Berlim, em fevereiro, de onde saiu premiado. O filme recebeu um dos troféus do Teddy Awards, concedido pela revista alemã Männer e considerada a premiação oficial LGBT do festival. Em 2015, também em Berlim, “Que Horas Ela Volta?” venceu a mostra Panorama.
Em um ano, um turbilhão passou pela vida da cineasta paulistana Anna Muylaert. A diretora de “Que Horas Ela Volta?” viu seu filme ser sucesso de público e ganhar uma repercussão há muito não vista no cinema nacional. Tornou-se reconhecida fora do país e, mais recentemente, conquistou uma cadeira na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, tornando-se uma eleitora do Oscar. Com toda essa bagagem, seu novo filme, “Mãe Só Há Uma”, chega aos cinemas cercado de expectativa.
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“Mudou tudo nesse período. Depois de lançar esse filme preciso tirar umas férias, ficar um tempo fora de cena. Nem eu estou me aguentando mais”, brinca a diretora em entrevista à Gazeta do Povo. Tamanho cansaço se explica. Desde o início do ano passado, quando “Que Horas Ela Volta?” foi apresentado e premiado no Festival de Sundance, Anna se dividiu entre a divulgação do primeiro e a finalização de “Mãe Só Há Uma”. No meio disso, ainda passou a atuar como militante de causas como o feminismo e a discussão de gênero.
A identidade de gênero, a propósito, é um dos temas abordados em seu novo filme, que guarda algumas semelhanças com o antecessor. Ambos falam da relação entre mães e filhos, mostram personagens que se rebelam contra o status quo e suscitam o debate em torno de problemáticas sociais. “Mas são filmes bastante distintos. Enquanto ‘Que Horas’ era mais popular, esse novo é mais difícil, mais pontiagudo eu diria”, afirma Anna.
No centro das discussões
“Mãe Só Há Uma” é apenas o quarto filme dirigido pela paulistana, que começou a carreira como roteirista das cultuadas séries televisivas “Mundo da Lua” e “Castelo Rá-Tim-Bum”. Seus dois primeiros longas, “Durval Discos” e “É Proibido Fumar” foram saudados pela crítica, mas passaram ao largo do grande público.
Com “Que Horas Ela Volta?” veio não apenas a consagração, mas também a oportunidade de colocar uma mulher no centro de um debate histórico e predominantemente masculino. “Há muito tempo o cinema no Brasil é feito quase exclusivamente por homens. Apesar de tratar de diferenças sociais, meu filme acabou levantando um debate que eu não esperava, sobre protagonismo feminino. Acabei me tornando uma militante e isso já teve um efeito positivo”, diz a diretora, citando a paridade de gênero em editais de incentivo à produção.
Em junho, Anna Muylaert foi anunciada como um dos novos integrantes da Academia de Artes e Ciências de Hollywood, ao lado de outros oito brasileiros. Uma surpresa, que não poderia ter sido recebida de outra forma. “É algo que nunca me passou pela cabeça, mas fico feliz por poder, de alguma forma, representar o Brasil e os segmentos minoritários”, conclui.
Inspiração no “caso Pedrinho”
Em um primeiro momento, é possível enxergar semelhanças entre “Que Horas Ela Volta?”, filme anterior de Anna Muylaert, e “Mãe Só Há Uma”, produção que estreia nesta quinta-feira (21) nos cinemas. Apesar de estarem focados na questão da maternidade e explorarem problemáticas sociais, as tramas enveredam por caminhos diferentes.
No novo filme, Pierre (o estreante Naomi Nero) é um adolescente em dúvida com a sexualidade. Fica com meninas, ao mesmo tempo que pinta as unhas e se veste de mulher. Seu mundo muda de vez quando a polícia bate à porta e leva sua mãe (Dani Nefussi), acusada de ter roubado ele e a irmã menor da maternidade. O jovem então vai viver com a família biológica, mais abastada e conservadora, virando sua realidade de cabeça para baixo.
A inspiração para a história veio do “caso Pedrinho”, jovem que descobriu depois de 16 anos ter sido sequestrado da maternidade. “Sempre me interessei por esse caso, a questão da identidade familiar. Durante toda a vida você teve uma série de referências e, de uma hora para outra, elas desaparecem”, afirma Anna.
Com a ideia, veio também a disposição de incluir no filme a questão da identidade de gênero. “Essa é uma discussão que faz parte do universo dos jovens, está presente na vida deles. Achei então que seria interessante incluir na história a sensualidade, dar uma pegada mais quente”, explica a diretora.
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