Um dia nem tão frio no rigoroso inverno berlinense marcou o início do 67º Festival de Berlim com o drama “Django”, filme de estreia do francês Etienne Comar.
O longa, que também está na disputa pelo Urso de Ouro – cujo júri é presidido pelo cineasta Paul Verhoeven – é sobre o músico Django Reinhardt, que fugiu de Paris enquanto a cidade era ocupada pelos soldados de Adolf Hitler, em 1943.
Mais do que um drama sobre um ícone do jazz, “Django” é uma historia sobre responsabilidades civis de artistas em tempos turbulentos. E sua escolha para abrir o festival tem claramente uma conexão com o viés político atual, que é forte característica da Berlinale.
Nascido na Bélgica, em Liberchies, em 1910, no seio de uma família cigana belga, Reinhardt mudou-se com os pais para Paris na infância.
Crescendo rodeado de muitos músicos de sua comunidade, cedo começou a tocar diversos instrumentos como o banjo, o violino e a guitarra. Seria esta, porém que o tornaria mundialmente famoso.
Reda Kateb interpreta o guitarrista , ao lado de Cecile de France, Alex Brendemuehl e Ulrich Brandhoff. O roteiro é de Comar e Alexis Salatko.
Dieter Kosslick, diretor da Berlinale, diz que o filme conta, de maneira convincente, um capítulo da vida movimentada de Django e a envolvente história da luta pela sua sobrevivência.
“A ameaça constante, a fuga e as maldades assustadoras aplicadas contra sua família não foram capazes de impedir que ele continuasse a tocar”, afirma.
A sessão de gala no Palácio dos Festivais foi antecedida de uma concorrida prévia para a imprensa e coletiva com o diretor, que chegou acompanhado dos atores Reda Kateb e Cécile de France.
Momento histórico intenso
Comar contou que queria fazer o retrato de um músico atormentado vivendo um momento histórico particularmente intenso.
“Meu pai amava Reinhardt e eu também. Quando eu pesquisei a vida dele, eu encontrei exatamente o tema que eu queria explorar: qual é o desempenho de um artista em tempos de extrema dificuldade?”, explicou, lembrando que Reinhardt teve uma grande influência nos artistas em todo o mundo.
“Ele é uma figura importante para todos os músicos ao longo dos tempos. É o cara que inventou solos de guitarra e influenciou os guitarristas em todo o tipo de música, desde o rock até o jazz”, ressaltou.
Kateb, por sua vez, destacou algo que particularmente o agradou muito.
“Foi bastante interessante fazer um filme que é o retrato de uma família de refugiados com um grande artista em seu meio”, afirmou.
Para Comar, ter seu filme abrindo a Berlinale tem também um sentido simbólico e coerente com a forma como quis realizar “Django”.
“Eu estou realmente honrado que a Berlinale tenha escolhido o filme para abrir o festival e o tenha colocado em competição. Eles entenderam que ‘Django’ – muito mais do que um tema da guerra por si própria – é uma história sobre artistas vivendo em tempos difíceis”, concluiu.
Júri oficial
Pela manhã – como é praxe no festival – Verhoeven (ganhador do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro por “Elle”) fez a apresentação para a imprensa do seu diversificado e eclético júri, que é formado pela produtora tunisiana Dora Bouchoucha Fourati, o artista plástico islandês Olafur Eliasson, as atrizes Maggie Gyllenhaal (EUA) e Julia Jentsch (Alemanha), o ator e diretor mexicano Diego Luna e o cineasta chinês Wang Quan’an.
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