Durante os anos de 2002 e 2003, o cineasta Abbas Fahdel retratou o cotidiano da própria família em Bagdá, no Iraque. O objetivo era mostrar os impactos da guerra na vida de pessoas comuns que tiveram sua rotina alterada pelo conflito. Porém, mais do que isso, Fahdel mostrou que não foi a invasão norte-americana a Bagdá que mudou completamente a vida dos moradores da cidade.
A Iminência da guerra já estava alterando profundamente os relacionamentos e as atitudes dos cidadãos iraquianos. “Homeland (Iraq Year Zero)” é o quarto filme do diretor franco-iraquiano, terceiro documentário sobre o Iraque, seu país natal e onde voltou a morar pouco antes do início da guerra.
Irmãos, cunhados, sobrinhos, tios e primos de Abbas Fahdel tiveram, de uma forma ou de outra, suas vidas transformadas pela guerra. É essa história que o documentário iraquiano roteirizado, dirigido e produzido por Fahdel quer contar. O longa estreou na quinta-feira (11) na mostra “Outros Olhares”, do festival Olhar de Cinema, em sua primeira exibição na América do Sul.
Dividido em duas partes, “Before the Fall” (Antes da Queda) e “After the Battle” (Após a Batalha), “Homeland” reúne nos 334 minutos de exibição (quase seis horas), histórias de pessoas e suas preocupações, angústias e alegrias. O dia-a-dia da família é esmiuçado pelo cineasta, que tenta ao máximo mostrar a realidade por meio de reuniões entre os parentes, almoços, jantares, tradições islâmicas e brincadeiras entre crianças.
Na segunda parte, não só o cenário muda, pois Bagdá está destruída pelas bombas americanas, mas também o clima entre os cidadãos. Segurança é uma preocupação constante e, em dado momento, uma das sobrinhas do diretor comenta que nem os táxis são seguros, que depois da invasão ela carrega uma faca na bolsa para ir ao trabalho. Os sobrinhos mais velhos de Fahdel, assim como seus irmãos e cunhados, lembram como foi viver no Iraque durante a Guerra do Golfo, em 1991, fazendo um contraponto com as gerações mais novas.
O longa está sendo considerado por críticos uma resposta do Iraque aos produtos de entretenimento criados pelos americanos.
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