![Documentário português trata profissão bruta com poesia Cena de “Rabo de Peixe”, que abriu o festival Olhar de Cinema | Divulgação](https://media.gazetadopovo.com.br/2015/06/b3f6d0bdd8efa277809c62c594bc91d3-gpLarge.jpg)
Três salas lotadas do Espaço Itaú, em Curitiba, acompanharam a sessão inaugural da 4.ª edição do Festival Olhar de Cinema, na quarta-feira (10). O filme de estreia foi o documentário português “Rabo de Peixe”, de Nuno Leonel e Joaquim Pinto, este último diretor do memorável “E Agora? Lembra-me”, vencedor da Mostra Competitiva da edição de 2014.
Veja no Guia a programação completa do festival
Premiado no festival francês de documentários Cinéma du Réel, “Rabo de Peixe” é um filme poético sobre uma profissão bruta. Foi rodado entre 1999 e 2003 em São Miguel, ilha do arquipélago dos Açores (Portugal), e se aproxima intimamente de Pedro, Artur, Rui, Emanuel, pescadores artesanais da região.
O filme é uma imersão plena numa comunidade singular. Joaquim e Nuno viveram alguns meses na região. Emprestaram a câmera aos ilhéus, inclusive (as imagens fazem parte do filme), demonstrando um sentimento de comunhão, presente em todo o documentário.
São bonitos os planos inebriantes do mar. A visão em primeira pessoa do balançar intenso dos barcos, das praias de areias negras e principalmente dos personagens, sujeitos simples que entendem a pesca (da preparação dos anzóis ao corte das barbatanas de peixes “tipo exportação”) como a própria vida, fincada ali, no meio do Atlântico.
Com este pano de fundo, a dupla fala também de si, do próprio trabalho, e mergulha na história de alguns pescadores, humanizando-os de uma maneira incrível (Rui vive em alto mar, mas não sabe nadar).
A narração em tom de prosa poética, que por muitas vezes recorre providencialmente ao silêncio, completa a aura deste notável filme, que utiliza uma condição peculiar de existência para falar de quase tudo. “Pensar é caminhar menos depressa.”
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