Dez anos atrás, críticos costumavam dizer que era preciso ver os documentários nacionais mais do que o cinema de ficção produzido no país para entender o Brasil. Hoje a sentença vale em escala global: com tanta ou mais competência do que a ficção, o documentário tem investigado e aprofundado praticamente todos os grandes temas do mundo contemporâneo.
Os indicados
Conheça um pouco sobre cada um dos filmes que concorrem ao Oscar de melhor documentário
Leia a matéria completaPrimavera árabe, violência policial, imigração europeia, colapso econômico, os gênios e os injustiçados – são as pautas dos melhores filmes recentes do gênero. Com suas idiossincrasias, a Academia de Hollywood tem selecionado algumas dessas preciosidades para o Oscar. O problema é conseguir vê-las: as distribuidoras não raramente ignoram os documentários, que só estreiam nos cinemas quando têm apelo pop – caso de filmes de diretores como Michael Moore ou sobre personalidades como Amy Winehouse.
Uma novidade de 2016 é que quatro dos cinco indicados ao maior prêmio da indústria poderão ser vistos no Brasil antes da entrega dos troféus. São eles os excelentes “Winter on Fire” e “What Happened, Miss Simone?”, ambos produzidos pela Netflix, e “Cartel Land” e “Amy”, duas produções independentes adquiridas para exibição pela gigante do streaming.
Em DVD
Com sete indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, “Perdido em Marte”, que levou os prêmios de melhor filme e ator para Matt Damon no Globo de Ouro, acaba de ser lançado em DVD e em Blu-ray .
O outro concorrente, “O Peso do Silêncio”, foi exibido no Festival do Rio (por isso tem título em português). E é, também, sobre um universo já conhecido do público, à medida que volta ao tema do impressionante “O Ato de Matar” (2012), exibido em algumas sessões isoladas pelo Brasil, mas que não chegou a passar por Curitiba.
Por seu naturalismo na abordagem de episódios reais, “Spotlight” e “A Grande Aposta” são representantes de um cinema próximo do documental selecionados para o Oscar de melhor filme. Mas não têm o impacto de “Winter on Fire”, com suas imagens duras e poéticas dos assassinatos cometidos pela polícia à serviço do então presidente ucraniano Viktor Yanukovich entre 2013 e 14.
Se há um favorito em meio à ótima safra dos indicados à estatueta de melhor documentário, talvez seja essa produção da Netflix. Caso vença, será o primeiro Oscar da gigante do streaming, revolucionária na televisão e, pode-se ver desde já, também no cinema.
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