É preciso ter paciência para assistir a “Os Maias”.
Cineasta consagrado em Portugal, João Botelho rejeitou todo e qualquer tipo de pirotecnia, fazendo um filme que se aproxima muito do teatro filmado. Ou de uma ópera, como o diretor prefere comparar.
Cenários artificiais, interpretações exageradas e a opção por manter o texto original de Eça de Queiroz exigem disposição do espectador.
Diretor português usa falsidade para adaptar “Os Maias”
João Botelho valoriza o texto de Eça de Queiroz ao apresentá-lo às novas gerações
Leia a matéria completaNo intuito de se manter fiel ao clássico literário, Botelho apostou em uma narrativa conservadora, amparada em um narrador que introduz a história da família Maia e ajuda a entender o contexto em que vivem os personagens na Lisboa do século 19.
De forma resumida, acompanhamos o drama de Pedro da Maia, que viu a mulher fugir para a Itália com outro homem, ficando com o filho Carlos, que mais tarde parte para estudar em Coimbra.
Quando retorna, já na condição de médico, Carlos segue uma vida hedonista até que conhece Maria Eduarda, por quem se apaixona. Essa história de amor se torna o mote central de “Os Maias”, que acaba pecando pelo excesso de fidelidade à obra original.
Como literatura e cinema são linguagens bem diferentes, o texto que flui na leitura acaba carecendo de dinâmica no roteiro. A linguagem empolada dos personagens e a caracterização extremamente teatral logo cansam . Fica difícil se prender a ponto de captar a essência crítica do escritor.
Apesar da bela fotografia e da intenção do cineasta de criar uma atmosfera propositadamente “fake”, em muitos momentos “Os Maias” acaba se assemelhando mais a uma novela televisiva de época do que a uma adaptação ousada.
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