Os 12 filmes da “Mostra de Cinema Russo Contemporâneo”, que começa nesta terça-feira (22), às 16h, na Caixa Cultural, formam um panorama das transformações sociais e econômicas na Rússia após a dissolução da União Soviética (veja a programação completa no Guia Gazeta do Povo).
Durante o processo de reconstrução (Perestroika) do país, no governo de Mikhail Gorbatchev (1985-1991), as mudanças estruturais na economia e na sociedade foram reproduzidas em filmes por uma geração de cineastas que inclui Tengiz Abuladze e o vencedor do Oscar Nikita Mikhalkov.
A abertura política permitiu que obras antes vetadas pela censura fossem exibidas e temas tabu como prostituição, gangsterismo e história puderam ser abordados.
Facetas
Para a produtora Maria Vragova, curadora da mostra ao lado de Luiz Gustavo Carvalho, a seleção de filmes – que vai do final dos anos 1980 até os anos 2000 – cria uma “ponte histórica para mostrar o processo de evolução do cinema e da sociedade neste período”.
“São filmes muito diferentes do ponto de vista cinematográfico e de temática social. Queremos mostrar várias facetas do país e como a sua história foi mudando.”
Ela destaca que a mostra é uma chance rara de assistir no Brasil aos filmes mais importantes da cinematografia russa das últimas quatro décadas.
Disseram que eu só mostrava as mazelas do país. Não é verdade. Eu mostro vários lados do país. O período histórico é que não é nada fácil.
As escolhas dos títulos da mostra, que estreou no Rio de Janeiro em fevereiro deste ano, chegou a ser criticada por pessoa ligadas ao governo russo. “Disseram que eu só mostrava as mazelas do país. Não é verdade. Eu mostro vários lados do país. O período histórico é que não é nada fácil.”
Após a exibição do filme de abertura, haverá uma mesa redonda entre os curadores e o crítico de cinema russo Maksim Pavlov sobre o cinema russo das últimas três décadas.
Cinco filmes para não perder na Mostra de Cinema Russo Contemporâneo
- Sandro Moser
Terça-feira (22), às 16h
“Penitência”, de Tenguiz Abuladze (1984)
O filme símbolo da Perestroika nas artes visuais. Filmado em 1984, só foi exibido em 1987. Mostrar o sofrimento de três gerações de uma família de artistas condenada pelo totalitarismo.
Sexta-feira (25), às 20h
“Mercadoria 200”, de Alexei Balabanov (2007)
“É um filme muito importante e um dos mais fortes e pesados do cinema russo atual”, diz a curadora Maria Vragova. Tendo como fundo a guerra do Afeganistão, o thriller conta a história de um policial maníaco, um professor ateu, o líder do partido local e outros habitantes de uma pequena cidade soviética.
Sábado (26), às 16h
“O Sol Enganador”, de Nikita Mikhalkov (1994)
Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1994, o drama retrata as perseguições stalinistas da década de 1930. Um tema que só foi possível após a abertura do país.
Sábado (26), às 19h30
“O Assasinato do Czar”, de Karen Shakhnazarov (1991)
Outro filme que trata de um tema tabu, o destino de Nikolai II, último czar da Rússia e da sua família. Falado em inglês e protagonizado por Malcolm McDowell, mostra a relação entre um psiquiatra e um paciente que alega ter matado o czar.
Domingo (27) , às 19h
“Menina Internacional”, de Piotr Todorovsky (1989)
Um dos primeiros filmes na história do cinema soviético a falsar abertamente de prostituição. Conta a história de uma enfermeira de um hospital público que também é prostituta e luta por se casar na Suíça.
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