Em meio a imagens de fuzilamentos, cérebros remendados e coelhos que copulam freneticamente, a protagonista depressiva da animação “Rocks in My Pockets” (2014) cavouca histórias de uma avó suicida e de três primas que lutam contra a loucura. Conclui: “A estrada para a sanidade é um percurso selvagem.”
O filme da Letônia, que quase representou seu país no Oscar, é uma alternativa tétrica em meio à profusão colorida e barulhenta das 450 produções do Anima Mundi.
O festival, o maior do gênero na América Latina, passou pelo Rio na última semana e fica por São Paulo entre sexta (17) e a próxima quarta (22).
Ao todo, 108 filmes na programação são brasileiros, caso do longa “Nautilus”, de Rodrigo Gava, que narra as aventuras das crianças Cris Colombo, Monalisa e Leo da Vinci.
Entre os curtas, há dez nacionais. “Kidchup” traz um tomate caubói criado em técnica de stop motion. Em 3D, “Gadanthara” retrata o funcionário de uma biblioteca.
“O país se consolidou no gênero”, diz Cesar Colho, um dos criadores da mostra, elencando como exemplo as recentes premiações dos brasileiros “Uma História de Amor e Fúria” e “O Menino e o Mundo” em Annecy, na França, sede do mais importante festival de animação do mundo.
Do país de Asterix, o festival traz uma sessão especial e profissionais para debater e negociar futuras coproduções Brasil-França no gênero.
Quando o Anina Mundi começou, em 1993, “achavam que animador era quem fazia festa infantil”, diz Coelho.
De lá para cá, a mostra exibiu um panorama das técnicas feitas no mundo -do 3D aos filmes feitos com “noodles” (o macarrão japonês)- e testemunhou o amadurecimento da produção brasileira.
Coelho diz que os desafios dessa bonança serão tema nos fóruns do festival. “Ainda não temos grandes escolas de animação no Brasil”, afirma. A programação completa pode ser conferida na página do festival.
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