Há pouco mais de 40 anos, no dia 7 de janeiro de 1976, o Brasil perdia precocemente um dos grandes nomes do cinema, do teatro e da televisão. Com apenas 39 anos, Luis Sergio Person morreu em um acidente automobilístico, deixando um legado que, se não é numeroso, é altamente expressivo. Em homenagem ao cineasta, o festival Olhar de Cinema dedica a ele a mostra Olhar Retrospectivo, que exibe cinco filmes seus e trouxe para um debate a viúva e as duas filhas.
Nascido em fevereiro de 1936, Person estaria completando 80 anos. Sua trajetória artística começou na década de 1950 no teatro amador, ao lado de Antunes Filho. Tornou-se ator, passou pelos palcos, atuou e dirigiu em teleteatros, estudou cinema fora do país e fez alguns curta-metragens. Até que em 1965 lança “São Paulo Sociedade Anônima”, uma crítica social contundente, considerado um dos melhores filmes nacionais de todos os tempos.
“Person tinha profundas preocupações humanistas e isso se expressava através de filmes tão diversos entre si, tanto pela temática quanto pela linguagem e dramaturgia. Essa inquietação deixou marcas profundas na cinematografia brasileira”, afirmou à Gazeta do Povo Regina Jehá, viúva do cineasta que esteve em Curitiba no último domingo (12). Ao lado das filhas Domingas e Marina (que dirigiu o documentário “Person”) ela participou de um debate sobre a vida e obra do diretor.
Os cinco filmes que serão exibidos no festival dão a dimensão de quão diversificada foi a obra de Person. Além da crítica urbana de “São Paulo SA”, “O Caso dos Irmãos Naves” (1967) reconstitui um episódio de tortura e violência policial. Já “Panca de Valente” (1969) e “Cassy Jones – O Magnífico Sedutor” (1972) evidenciam o talento do diretor para a chanchada. Para completar, tem a parceria com José Mojica Marins, o Zé do Caixão, na “Trilogia do Terror”.
Luis Segio Person ainda teve trabalhos bem-sucedidos na publicidade, reforçando a inquietação que lhe era característica, conforme relata Regina. “Para ele, o impulso criativo se exercia através do meio de expressão que estivesse à sua disposição no momento. Person era um artista múltiplo, profundamente inquieto e existencialmente plugado no seu mundo e no seu tempo”, define.
Programação
Walmor Chagas é um trabalhador de classe média, funcionário de uma indústria automobilística. Torna-se um pai de família, mas vê sua insatisfação crescer cada vez mais.
Quarta (15), 18h, no Espaço Itaú.
O filme reconstitui um episódio real ocorrido na década de 1930, quando dois irmãos são presos, torturados e condenados por um crime que não cometeram. A produção será exibida em cópia restaurada.
Quarta (15), 15h45, no Espaço Itaú.
Após a morte do delegado da cidade, o atrapalhado Jerônimo é obrigado pelos moradores a assumir a função, o que não será nada fácil.
Terça (14), 16h45, no Espaço Itaú.
O último filme de Person, lançado somente após a sua morte, é uma incursão na pornochanchada. Nele, um sedutor começa a se sentir incomodado com a perseguição feminina.
Terça (14), 21h30, no Espaço Itaú.
Filme dividido em três episódios, numa parceria com José Mojica Marins e Ozualdo Candeias. Apenas o episódio de Person será exibido, em conjunto com os curtas “Pega Ladrão” e “O Otimista Sorridente”
Segunda (13), 16h30, no Espaço Itaú.