O jornalista americano Ronan Farrow denunciou o silêncio da imprensa no Festival de Cannes sobre as acusações de agressão sexual de sua irmã Dylan Farrow contra seu pai adotivo Woody Allen, que apresentou na quarta-feira (11) seu filme mais recente.
“Haverá coletivas de imprensa e um tapete vermelho que meu pai vai pisar com sua esposa (minha irmã, Soon-Yi Previn). Haverá estrelas ao seu lado – Kristen Stewart, Blake Lively, Steve Carell, Jesse Eisenberg. Eles podem contar com a imprensa para não fazer-lhes perguntas desconfortáveis. Este não é o momento, não é o lugar, isso não se faz”, denunciou o filho do cineasta em um artigo publicado na Hollywood Reporter.
De fato, nenhuma pergunta foi feita sobre o tema durante a coletiva de apresentação de “Café Society”, que foi apresentado na quarta-feira fora de competição na abertura do Festival. No entanto, durante a cerimônia de abertura, o ator Laurent Lafitte declarou ao diretor: “É um prazer que você esteja na França, porque nos últimos anos filmou bastante na Europa, enquanto você nem sequer foi condenado por estupro nos Estados Unidos”.
Uma piada que poderia se referir tanto às acusações da filha de Woody Allen, quanto ao diretor franco-polonês Roman Polanski, processado nos Estados Unidos pelo suposto estupro de uma menor.
Em seu Instagram, a atriz Emmanuelle Seigner, esposa de Roman Polanski, chamou Laurent Lafitte de “patético”.
O silêncio dos jornalistas “não é apenas ruim. É perigoso”, considerou Ronan Farrow. Ele “envia uma mensagem sobre quem somos como uma sociedade, sobre o que vamos fechar os olhos, o que vamos ignorar, o que conta e o que não conta.”
A filha adotiva de Woody Allen acusou-o em 2014, em plena época do Oscar, de ter lhe abusado sexual quando ela era uma criança. O diretor americano chamou as acusações de “falsas e vergonhosas”.
Dylan Farrow foi adotada por Mia Farrow e o diretor quando eram um casal nos anos 80. O escândalo surgiu pela primeira vez quando Woody Allen e Mia Farrow se separaram, quando Allen se envolveu com a filha adotiva do casal Soon-Yi Previn, com 21 anos de idade na época.
Um juiz de Nova York e uma investigação dos serviços sociais de NY concluíram no momento da batalha judicial de Allen e Farrow pela custódia dos filhos que as acusações de agressão sexual eram “inconclusivas”.
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