Diretora Ildikó Enyedi, do filme húngaro “On Body and Soul”, recebe o Urso de Ouro, principal prêmio do festival.| Foto: Divulgação/Berlinale

O filme“On Body and Soul”, de Ildikó Enyedi, da Hungria, foi o grande vencedor do Festival de Berlim deste ano, conquistando o Urso de Ouro de melhor filme neste sábado (18). De cunho surrealista, o longa ganhou também o prêmio da crítica internacional (Fipresci) e o Prêmio Ecumênico, contado uma história onírica e incomum baseada na dualidade entre dormir e despertar e entre a mente e a matéria.

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O Brasil concorria ao Urso de Ouro com o longa “Joaquim”, de Marcelo Gomes, um drama histórico que desconstrói a figura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. A montagem, porém, saiu sem nenhum prêmio nesta edição. Enquanto isso, na mostra Panorama, o filme “Pendular”, da diretora carioca Julia Murat, ganhou o prêmio da Fipresci, federação que reúne críticos do mundo.

Confira os vencedores dos principais prêmios do Festival de Berlim 2017

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“Félicité”, do senegalês Alain Gomis: vencedor do grande prêmio do júri 

Presidente do júri da mostra oficial, o cineasta holandês Paul Verhoeven chegou ao evento acompanhado dos jurados, que elegeram o senegalês “Félicité” como vencedor do grande prêmio do júri. “Véro (a protagonista) foi um presente para mim. Quero também reconhecer a importância deste filme para o povo senegalês”, declarou o diretor, Alain Gomis. Um drama social, a trama conta a história da congolesa Véronique, uma cantora que trabalha na noite buscando juntar dinheiro para seu filho, que está internado no hospital e precisa de uma cirurgia.

A cineasta polonesa Agnieszka Holland, diretora do filme “Spoor”, foi a vencedora do importante prêmio Alfred Bauer, que laureia trabalhos inovadores.Holland subiu ao palco sob aplausos e agradeceu ao produtor e aos atores. “Precisamos de novas perspectivas. Precisamos de filmes corajosos”, completou a cineasta.

Já o prêmio de melhor roteiro foi para os chilenos Sebastián Lélio e Gonzalo Maza, por “Una Mujer Fantástica”. “É um filme sobre o amor”, resumiu Lélio, dedicando o prêmio para a protagonista Daniela Vega.

O prêmio de melhor diretor foi para o finlandês Aki Kaurismaki, por seu filme “The Other Side of Hope”. A melhor atuação masculina foi para o austríaco Georg Friedrich, por seu trabalho no filme “Bright Nights”, de Thomas Arslan.

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Supreendendo a todos, o prêmio de melhor atriz foi para Kim Minhee por “On the Beach at Night Alone”, do sulcoreano Hong Sangsoo. A grande favorita era Daniela Vega, por seu desempenho em “Una Mujer Fantástica”.

Balanço

A 67ª edição da Berlinale manteve o viés social e político que caracteriza sua seleção, com muitos filmes de denúncia e temas ligados à realidade do mundo atual, como reconheceu o próprio diretor da Berlinale, Dieter Kosslick.

“Os filmes se pautaram por títulos que traduzem o sentimento de desilusão da sociedade diante das convulsões sociais e políticas recentes”, sintetizou.

Em termos de qualidade, a programação foi bastante heterogênea com poucos filmes realmente impactantes. Fora das telas, esta edição, a exemplo da anterior, será lembrada pelo apoio em prol de refugiados, imigrantes e repúdio ao preconceito, exclusão e maus tratos.

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A Berlinale organizou uma série de eventos aos refugiados, incluindo oferta de tickets para filmes, cursos e palestras, e o acompanhamento por mentores e benefícios de campanhas de doação.

Imagem do filme “Pendular”, de Julia Murat. 

Brasileiros

Além de concorrer ao Urso de Ouro na mostra oficial, o Brasil teve uma significativa presença nesta edição, com 12 filmes selecionados para várias mostras e, na maioria das vezes, as sessões aconteceram com ingressos esgotados.

Vencedor da mostra Panorama“Pendular”, de Julia Murat, conta a história da tensa relação entre um escultor (Rodrigo Bolzan) e uma dançarina (Raquel Karro). Julia explicou que seu objetivo era trabalhar com a ideia do pêndulo na narrativa. “Tanto o pêndulo da relação amorosa quanto o pêndulo do encontro das artes”, definiu.

O filme “Mulher do Pai”, da diretora gaúcha Cristiane Oliveira, teve sua première internacional nesta 67ª edição do Festival de Berlim, na Mostra Generation, seção da Berlinale destinada aos jovens.

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Protestos

Manifestações pedindo a preservação das políticas do audiovisual brasileiro ocorreram em diversas sessões - incluindo “Pendular”, “Rifle” e também na recepção da Embaixada do Brasil na Alemanha, que todos os anos é oferecida para os brasileiros presentes no festival.

Na sessão de “Joaquim”, houve a leitura de uma carta endereçada à comunidade cinematográfica internacional, pelo Diretor Marcelo Gomes tanto na coletiva de imprensa, como na noite de gala do seu filme.

Veja os filmes vencedores dos principais prêmios da Berlinale

– Urso de Ouro: “On Body and Soul”, de Ildikó Enyedi

– Urso de Prata – Grande Prêmio do Júri: “Félicité”, de Alain Gomis

– Urso de Prata – melhor diretor: Aki Kaurismaki por “The Other Side of Hope”.

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– Urso de Prata – melhor ator: Georg Friedrich , em Bright Nights, de Thomas Arslan.

– Urso de Prata – melhor atriz: Kim Minhee por “On the Beach at Night Alone”, De Hong Sangsoo.

– Prêmio de melhor roteiro: Sebastián Lélio e Gonzalo Maza por “Una Mujer Fantástica”.

– Prêmio Alfred Bauer – trabalho inovador (uma homenagem ao fundador da Berlinale): Agnieszka Holland com “Spoor”.

– Prêmio da Crítica Internacional (Fipresci) para a mostra oficial: “On Body and Soul”, de Ildikó Enyedi (Hungria)

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– Prêmio da Crítica Internacional (Fipresci) para a Panorama: “Pendular”, de Julia Murat (Brasil)

– Prêmio da Crítica Internacional (Fipresci) para a Fórum: “A Feeling Greater Than Love”, de Mary Jirmanus Saba (Líbano).

– Prêmio Ecumênico: “On Body and Soul”, de Ildikó Enyedi (Hungria)

– Prêmio Teddy Award – para filme com temática homossexual: “Una Mujer Fantástica”, de Sebastián Lélio

– Prêmio de audiência da Panorama Principal: Insyriated, de Philippe Van Leeuw (Bélgica / França / Líbano)

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– Prêmio de audiência da Panorama Documenta: I am Not Your Negro, de Raoul Peck (França / EUA / Bélgica / Suiça)

– Melhor filme da Mostra Generation: – Urso de Cristal: Little Harbour, de Iveta Grofova – República Tcheca

– Melhor curta-metragem: Cidade Pequena, de Diogo Costa Amarante