![Francês “Chocolate” usa história de palhaço para discutir o racismo James Thierrée e Omar Sy em “Chocolate” | Divulgação/](https://media.gazetadopovo.com.br/2016/07/cf70d14a458d3758aa1a673461d16ae2-gpLarge.jpg)
“É como se ninguém conhecesse Pelé”. Assim o cineasta francês Roschdy Zem explica o choque que levou ao tomar conhecimento da história do protagonista de seu mais recente filme, “Chocolate”, que estreia em circuito comercial após ser exibido no Festival Varilux. A produção reconta a trajetória de Rafael Padilla, mais conhecido como Chocolate, o primeiro artista circense negro da França. Após tornar-se uma celebridade no início do século 20, o palhaço caiu no esquecimento e veio a ser redescoberto pelo diretor.
Veja as salas e horários das sessões
50% de desconto para assinantes do Clube Gazeta do Povo em cinemas selecionados
O filme começa em um circo no interior da França, quando os picadeiros eram os principais locais de entretenimento. Uma das atrações era Kalanga, um negro alto e forte (Omar Sy, de “Intocáveis” e “Samba”) apresentado como um canibal, que se limitava a emitir grunhidos e trejeitos selvagens. O palhaço Footit (James Thierrée, neto de Charles Chaplin) enxerga nele um talento para o humor e convida-o para formar uma dupla. A combinação funciona perfeitamente e a dupla segue para o estrelato.
Nascido em Cuba, Padilla era filho de escravos, foi abandonado pelos pais e levado à França no final do século 19. Acabou indo parar no circo. “Chocolate” acompanha principalmente a trajetória da dupla em Paris, onde o sucesso se alterna com os problemas particulares. Apesar de ser um fenômeno, idolatrado pelo público, Chocolate é vítima também do racismo da sociedade francesa e dos próprios vícios, o jogo e a bebida. Footit, por sua vez, usa a extrema disciplina para esconder a amargura.
“Estamos falando de Chocolate como um alter ego da França. Sua história serve de alegoria da sociedade atual”, afirmou o diretor Roschdy Zem à Gazeta do Povo em junho, quando esteve no Rio de Janeiro participando da abertura do Festival Varilux. Para ele, o preconceito sofrido pelo palhaço pode ser comparado à situação vivida pelos imigrantes que hoje desembarcam na Europa. “É importante saber como fazer face ao problema, como respeitar e amar o outro. Espero que o filme leve às pessoas a reflexão: avançamos ou não?”
Para se ter uma dimensão do que representou a figura de Chocolate, a dupla formada com Footit foi pioneira do estilo conhecido como “branco e auguste”, que contrapõe o humor clássico ao físico, seguido em programas como “Chaves” e “Os Trapalhões”. “Chocolate era um escravo e vai se libertando. Sua arma era o riso. Fico me questionando: como alguém com tamanho talento pôde ficar esquecido?”, diz o diretor.
-
Decisão do STF de descriminalizar maconha gera confusão sobre abordagem policial
-
Enquete: na ausência de Lula, quem deveria representar o Brasil na abertura da Olimpíada?
-
“Não são bem-vindos a Paris”: delegação de Israel é hostilizada antes da abertura da Olimpíada
-
Black Lives Matter critica democratas por “unção” de Kamala Harris sem primárias
Deixe sua opinião