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Cinema

Meu embate com um dos grandes vilões do cinema: o chato que fala o tempo todo

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#ATENÇÃO, SPOILERS A SEGUIR!!! Mas relaxe. É um filme da Marvel. Você já sabe que o mocinho se dá bem no fim e depois tem umas cenas pós créditos fazendo propaganda para os próximos filmes.

Fui ao cinema nesta segunda-feira ver se “Dr. Estranho”, o novo filme da Marvel que tem recebido tantos elogios, é tudo isso mesmo. Sessão das 19 horas, para dar tempo de sair cedo, chegar em casa e ver um pouco do abençoado futebol de segunda-feira.

Refrigerante na mão (guaraná para me manter acordado, esses filmes são supersonolentos), devidamente acomodado no meu assento, mal começam os trailers e um sujeito a uma cadeira de distância começa a tagarelar (sim, você mesmo, fulano da fileira 7, cadeira 16). “Tudo bem”, penso comigo mesmo, “são só os trailers, o cara está tentando impressionar a namoradinha com alguns comentários espirituosos.”

Mas o filme começa e nada de ele parar de falar. Besteiras. Para o cinema inteiro ouvir. Não que eu esteja muito interessado em mais uma baboseira da Marvel, porém eu paguei o ingresso e quero curtir minha porcaria de filme em paz — para depois criticar com propriedade, é óbvio.

Ele não se contenta em apenas falar alto e começa a gesticular também. Aí que reparo na aliança na mão esquerda. Ou seja, ele não está tentando impressionar a namoradinha. A situação é bem pior. Ele está envergonhando a esposa diante de um cinema com mais de 150 pessoas.

Eu poderia, é claro, pedir para ele fazer silêncio. Prefiro fazer uma experiência antropológica. Quero ver se ele vai falar durante todo o filme. A esta altura, “Dr. Estranho” já está na metade. Ele não é do tipo que explica o que se passa na tela. Ele parece ter ficado preso em algum ponto da infância. Surpreende-se genuinamente com as cenas de ação, os efeitos visuais, os diálogos mais simplórios. Chega a dialogar com os atores. “Não, cara, não faz isso!”, implora.

Chamando reforços

Lá pelas tantas, alguém na fileira da frente finalmente expressa o incômodo e manda um irritado “Psiu!” para ele. O Galvão Bueno do cinema consegue fazer uma moratória de uns dois minutos, nos quais é nítido seu sofrimento por não poder comentar as peripécias de Benedict Cumberbatch. Olha para a tela, para a esposa e estica os braços inconformado. Dois milésimos de segundo depois desanda a falar até acabar o filme. Minto. Até a última cena pós-crédito. E ainda reclama quando vê que algumas foram embora antes: “Meu Deus, aonde essas pessoas estão indo?”

No Cineplex Novo Batel, me informa a administração, quando um sujeito assim dá as caras por lá e alguém os informa, o procedimento é simples. Alguém vai lá “dar um toque” para o homem da cobra.

“Se não resolver, a segurança é avisada para a contenção.”

O pessoal do Cinemark foi mais evasivo quanto ao que fazer. Disse que “depende da situação”, quando perguntei sobre o que fariam em relação a um sujeito estragando a diversão de outros cem. Basicamente, se não tiver um narrador de rodeio lá dentro, eles esperam a coisa se resolver sozinha.

Por via das dúvidas, o meu conselho é: nunca arrume confusão. Apenas evite filmes de super-heróis.

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