O Alibaba, grupo do magnata chinês Jack Ma, vai investir na empresa do cineasta americano Steven Spielberg, e ambos devem coproduzir filmes direcionados especialmente ao lucrativo mercado chinês, na mais recente ofensiva da China em Hollywood.
A Alibaba Pictures, a filial cinematográfica da gigante Alibaba, presidida por Ma, comprará uma participação minoritária da Amblin Partners, criada por Spielberg e que inclui os estúdios DreamWorks e a Reliance Entertainment, informa um comunicado conjunto.
Os sócios constituirão uma “aliança estratégica” para coproduzir e financiar filmes destinados ao “público chinês e internacional”.
A Alibaba Pictures terá uma cadeira no conselho de administração da Amblin.
Jack Ma, o homem mais rico da China, se encontrou com Spielberg em Pequim no domingo para apresentar a operação, que não teve os valores revelados.
“Compartilhamos os mesmos valores no Oriente e Ocidente”, disse Spielberg, de acordo com o comunicado. “Levaremos mais da China aos Estados Unidos e mais dos Estados Unidos a China”, completou.
Ma declarou que o mercado chinês precisa de uma oferta diversificada de longas-metragens e destacou que a “colaboração com a Amblin poderá servir de ponte cultural”.
O mercado chinês é crucial para os estúdios americanos. Apesar de uma queda de 16% nas vendas de ingressos no terceiro trimestre na China, em 2015 as vendas aumentaram quase 50% e alcançaram oficialmente 6,8 bilhões de dólares.
Os números transformam a China no segundo maior mercado mundial, atrás apenas da América do Norte. De acordo com a PricewaterhouseCoopers, a arrecadação nas bilheterias chinesas deve alcançar 8,9 bilhões de dólares em 2019, superando a americana.
Neste contexto, Hollywood está ávida por coproduções com as empresas chinesas, já que isto permite evitar as drásticas restrições impostas por Pequim, que autoriza a exibição de algo por volta de 30 filmes estrangeiros por ano nas salas de cinema.
Neste caso, além das salas de cinema, o grupo Alibaba oferece outras oportunidades, com o site de vídeos Youku Tudou e as plataformas de venda, que comercializam ingressos e produtos derivados dos filmes.
Preocupação em Washington
A presidente da Alibaba Pictures, Zhang Wei, destacou, no entanto, que evitar as cotas chinesas não é o objetivo do acordo.
“Não é apenas um acordo financeiro (...) Hollywood está inundado de fluxos de dinheiro que procedem da China e muitas pessoas (nos Estados Unidos) entraram em contato. Geralmente nos veem como uma fonte de capital e uma maneira de entrar na China”, lamentou.
O que o grupo Alibaba pretende é aumentar sua oferta de conteúdo e um posicionamento a longo prazo neste mercado, afirmou Wei.
De fato, o grupo de Jack Ma parece seguir os passos do conglomerado chinês Wanda, dirigido pelo bilionário Wang Jianlin.
O grupo Wanda comprou no início do ano o estúdio Legendary Entertainment (responsável por “Jurassic World”, “Godzilla” e “Batman”, entre outros) por 3,5 bilhões de dólares. No mês passado anunciou uma associação com a Sony Pictures para produzir filmes. Além disso, especulações apontam um interesse em uma participação na Paramount.
Outras empresas chinesas já desembarcaram em Hollywood, como o funco de investimentos China Media Capital, que criou uma empresa com a Warner Bros para produzir filmes.
As recentes ofensivas financeiras do conglomerado Wanda chamaram a atenção de Washington.
Dezesseis congressistas americanos expressaram preocupação no mês passado com uma possível “extensão do controle da propaganda (chinesa) nos meios americanos”. Eles apontaram as relações muito próximas entre Wang Jianlin e o regime comunista.
O grupo Alibaba tenta se esquivar da questão.
“A bilheteria está ficando internacional para os estúdios, muitos conteúdos se concentram em temas e valores universais (...) Além disso, não é que nos veem chegar em Hollywood para comprar tudo, apenas adquirimos uma participação minoritária na Amblin”, afirmou Zhang.
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