Abril de 2010. A explosão de uma plataforma de petróleo no Golfo do México, nos Estados Unidos, deixou 12 trabalhadores mortos, 22 feridos e resultou no maior desastre ambiental da história do país. Quase 5 milhões de barris de petróleo vazaram no mar, se espalhando por mais de 1,5 mil quilômetros. Seis anos depois, o cineasta Peter Berg transporta o público diretamente para aquele episódio, reconstruindo a tragédia de forma impressionante em “Horizonte Profundo – Desastre no Golfo”.
O ponto de partida para o filme foram duas reportagens. A primeira do programa “60 Minutes”, da rede CBS, e a segunda, e mais importante, do New York Times, em que o jornalista David Barstow reconstitui as 15 horas entre o prenúncio da tragédia e o resgate dos sobreviventes. Após um novo trabalho de apuração para elaborar o roteiro, Berg escalou nomes como Mark Wahlberg, Kurt Russell e John Malkovich para reviver os protagonistas do desastre.
Wahlberg é Mike Wiiliams, engenheiro chefe da plataforma Deepwater Horizon, que desembarca no local acompanhado do supervisor geral, Jimmy Harrell (Russell), e um grupo de trabalhadores. Os dois percebem que há problemas na plataforma e que estes podem colocar em risco todos que estão no local. A narrativa acompanha, então, o embate entre a dupla e os representantes da BP (companhia que operava a plataforma). Não é nenhum spoiler dizer quem ganhou a queda de braço e as consequências disso.
Nessa primeira parte, “Horizonte Profundo” procura ser o mais didático possível para mostrar que a explosão era uma tragédia anunciada. A grande maioria dos espectadores, leigos no assunto, é capaz de se perder no meio dos diálogos cheios de termos técnicos, números e definições específicas. Mas, tudo bem. É o suficiente para entender que as coisas por ali não estão nada bem.
A segunda parte é quando a tragédia em si ganha corpo. E aí passamos para o cinema catástrofe em estado bruto. Peter Berg confere às sequências um realismo intenso, colocando a câmera junto dos personagens e praticamente transportando o espectador para dentro da Deepwater Horizon, em meio a explosões, quedas, fogo e estruturas despencando.
A reconstituição impressiona ainda mais quando se pensa que não houve filmagens em uma plataforma real. Em entrevista à NPR, a rádio pública norte-americana, o diretor contou que a BP vetou filmagens em suas estruturas, o que obrigou a equipe a construir uma réplica em um parque de diversões abandonado em Nova Orleans. “Demos ao público a experiência mais autêntica e sem efeitos de computador possível”, frisou Berg.
Sem punição
Após um processo judicial, a BP foi multada em US$ 20 bilhões (cerca de R$ 64 bilhões em valores atuais). O valor será pago em um prazo de 16 anos, como forma de indenizar as vítimas e seus familiares, além de reparar danos ambientais. Até hoje os efeitos do vazamento são perceptíveis, com mortandade de animais de diferentes espécies. Apesar de processos criminais terem sido movidos, ninguém da companhia foi punido.