• Carregando...
Cena do filme “Mountains May Depart”, de um dos cineastas vivos mais importantes da China. | Divulgação
Cena do filme “Mountains May Depart”, de um dos cineastas vivos mais importantes da China.| Foto: Divulgação

“Mountains May Depart”, de Jia Zhang-ke, trata de questões relacionadas com as mudanças ocorridas na China contemporânea, um tema recorrente na obra do cineasta.

Entre seus trabalhos, estão “Plataforma”, “Prazeres Desconhecidos”, “24 City” e “Um Toque de Pecado”.

Conhecido por trabalhos contemplativos e documentais, o diretor chinês realiza agora o seu primeiro melodrama, que foi destaque na noite de segunda-feira (28), durante as sessões para a imprensa do 53.º Festival de Nova York.

Para explorar as contradições do país asiático, “Mountains May Depart” (“Montanhas Podem Partir”) entrelaça períodos históricos diferentes usando um triângulo amoroso formado por Tao (Zhao Tao), Liangzi (Liang Jin Dong) e Zhang Jinsheng (Zhang Yi).

As incongruências sociais são o foco do diretor, que usa diversas texturas de imagem para construir o visual do filme, incluindo granulações e efeitos de filtros coloridos que distorcem as cenas.

Na coletiva após a projeção – moderada por Kent Jones, diretor do Festival – um tranquilo Zhang-ke reconheceu que tem construído seus filmes no tênue limite entre ficção e realidade.

“Meus filmes têm um componente ficcional, mas com um viés na realidade e no contexto político. Eu quis mostrar a China do passado e a de agora – com novas tecnologias, internet, estradas modernas, etc. – por isso dividi o filme em episódios, do período de 1999 até o que está acontecendo hoje”, disse, enfatizando que sua persistência no tema vem da certeza de que o passado explica o presente.

Narrado num tom documental, o drama torna bastante plausível a análise sociológica que Zhang-ke faz das transformações do país.

“No passado, tempo e espaço eram diferentes. Na cena, por exemplo, em que a mãe está no trem com o filho, ele reclama porque o veículo está indo muito devagar e ela está feliz que seja assim para poder ficar mais tempo perto dele”, disse Zhang-ke, destacando que a tecnologia e o consumismo estão mudando o pensamento das pessoas.

Para ele, os seres humanos estão perdendo as relações e as lembranças na medida em que o tempo passa.

“Há muito mais isolamento do que conexões humanas”, lamentou o cineasta chinês, que é tema do excelente documentário “Jia Zhang-ke: um Homem de Fenyang”, dirigido por Walter Salles.

O filme de Salles – que já passou por Curitiba – também integra esta edição do NYFF na prestigiada paralela Spotlight on Documentary.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]