Fim de tarde de terça-feira (19) no Largo da Ordem, um dos mais conhecidos pontos turísticos de Curitiba. Em meio à movimentação dos boêmios que começam a ocupar as mesas dos bares, bandeiras do Brasil são estendidas entre os prédios. “Será que vai ter manifestação?”, pergunta um transeunte curioso. Na verdade, é final de Copa do Mundo. Da Copa de 1994, cuja comemoração pelo título do Brasil será recriada em “O Filho Eterno”, adaptação para o cinema do premiado livro de Cristóvão Tezza.
A cena foi a última rodada em Curitiba, onde a equipe liderada pelo diretor Paulo Machline (indicado ao Oscar de melhor curta-metragem em 2001 por “Uma História de Futebol”) iniciou as filmagens no dia 23 de março. Enquanto o cenário era preparado, no prédio da Casa Hoffmann cerca de 60 figurantes, a maioria vestida com camisas da seleção brasileira, aguardavam para entrar em cena.
Veja fotos das filmagens no Largo da Ordem
Lançado em 2007, “O Filho Eterno” conquistou alguns dos prêmios mais importantes da literatura em língua portuguesa, como o Jabuti e o Portugal Telecom. Na obra com tom autobiográfico, Tezza narra as dificuldades e o aprendizado de um pai que tem um filho com Síndrome de Down.
“Minha literatura tem um pé no teatro e outro no cinema”
Entrevista com Cristóvão Tezza, autor de “O Filho Eterno”
Leia a matéria completaMachline conta que recusou o primeiro convite para dirigir a adaptação. “Era um universo desconhecido para mim, achei que não era a pessoa mais indicada para o trabalho. Depois comecei a me interessar pelo tema, fui pesquisar e, um mês depois, aceitei o convite”, revela. Convite aceito, Curitiba foi escolhida para sediar quase 100% das filmagens. “Além de ser onde se passa a história do livro, ainda é uma cidade fresca no nosso cinema. Poucos filmes usaram Curitiba como cenário”, diz o diretor.
Para o elenco, foram três os nomes escolhidos para os papéis principais. Conhecido pela veia humorística, que inclui “Porta dos Fundos” e “Zorra Total”, Marcos Veras assume o personagem do pai. Uma escolha que pode ser surpreendente para o público, mas não para o ator. “Como artista eu preciso ser inquieto. Devo tudo o que eu tenho à comédia, mas buscar coisas diferentes me instiga. E a história do ‘Filho Eterno’ é apaixonante”, diz.
Debora Falabella vive a mãe, enquanto o filho é interpretado por Pedro Vinícius, um garoto de 9 anos escolhido entre aproximadamente 50 crianças com Síndrome de Down. Durante as gravações ele é o xodó da equipe, ganhando abraços e sendo alvo de brincadeiras. “Para mim é um dia difícil, já que criamos um vínculo muito forte”, admite Veras sobre o último dia de filmagens juntos.
Já é noite quando a cena começa a ser rodada. Veras e Pedro correm pelo Largo e se juntam à multidão para comemorar o tetracampeonato. Corta. A equipe confere o resultado no monitor e parte para uma nova tomada. E outra, mais outra... Machline planeja entregar o filme em setembro, mas ainda não há previsão de quando ele deve estrear.
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