“Mãe, tenho cinco anos”, sussurra o menino no começo do filme “O Quarto de Jack”. É seu aniversário, e ele passou todos os outros em cativeiro ao lado da mãe, Joy, sequestrada há sete.
Tudo o que Jack conhece é um quarto de 37 m² e seus objetos: pia, guarda-roupa, abajur, únicos e insubstituíveis em seu mundo limitado. Na TV, assiste ao que a mãe ensina serem “outros planetas”.
A trama lembra a do austríaco Josef Fritzl, que por 24 anos aprisionou e estuprou a filha Elizabeth, com quem teve sete filhos.
A tragédia inspirou “Quarto” (Verus, R$ 47,90, 350 pp.), sétimo livro da então pouco conhecida autora irlandesa Emma Donoghue, de 46 anos. Base do filme, ele foi alvo de acusações acaloradas de sensacionalismo antes mesmo de sua publicação, em 2009.
“As pessoas acreditavam que o livro exploraria a vítima real ou um crime semelhante, mas não é sobre isso”, explica Donoghue.
Na obra, ela subverte a lógica das tramas de sequestro. O drama do cativeiro é pano de fundo para o estudo do vínculo entre Jack e Joy.
“Eu me recusei a incluir a perspectiva do sequestrador. Estruturalmente, é como se a trama resistisse a seguir suas regras, mantendo-o a uma distância segura”, argumenta.
Lógica parecida segue Joy, estuprada diariamente, mas que resguarda o filho ao escondê-lo no guarda-roupa. “Ela é muito forte. Apesar de ter enfrentado muita dor, Jack não fica ciente disso até a metade da história”, diz a escritora.
“Eu quis apresentar a maternidade em termos existencialistas. Em vez de um papel normativo das mulheres, uma escolha e tarefa heroicas.”
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