Em um dos melhores momentos de “Ricki and the Flash”, que estreia nesta quinta-feira (3), a roqueira da sessentona Meryl Streep diz que ninguém questiona as escolhas de Mick Jagger entre família e o Rolling Stones porque ele é homem. “Mães são mais criticadas”, afirma.
Sua Ricki Rendazzo largou o marido e três crianças para perseguir a carreira de guitarrista na Califórnia.
Nunca estourou. Ganha a vida como caixa de supermercado, mas não desistiu do rock: toca em bares com a banda The Flash – composta por músicos de verdade, inclusive Rick Springfield, par romântico desse misto de Chrissie Hynde e Bonnie Raitt.
Após anos longe da família, Ricki precisa voltar quando a filha, Julie (Mamie Gummer, também filha de Meryl Streep), tenta se suicidar. É quando o roteiro de Diablo Cody (“Juno”) e a direção de Jonathan Demme saem da esfera musical para ganhar contornos dramáticos.
“Esse diálogo sobre Jagger no filme é maravilhoso, porque é provocante e válido”, afirma Mamie, 32 anos.
Meryl Streep, a impostora?
Você já chega ao cinema com um objetivo: “Ricki and the Flash – De Volta pra Casa” será o filme que permitirá, enfim, desmascarar Meryl Streep como impostora.
Leia a matéria completa“Temos de questionar por que está tudo bem quando um homem como, digamos, B. B. King teve 50 filhos [os rumores são de 15 filhos fora do casamento] com 50 mulheres diferentes e, quando uma mulher decide seguir carreira, todos criticam.”
Demme (“O Silêncio dos Inocentes”), conhecido por seus métodos extremos para alcançar realismo, pediu para Meryl Streep parar de se comunicar com a filha durante o início das filmagens.
“Fiquei puta da vida”, diz Mamie. “Não estava sabendo, e me senti excluída. Mas foi bom porque me fez extravasar a raiva na personagem. Era isso o que Jonathan queria, mas foi um alívio quando tudo passou e pude conversar com a minha mãe.”
A roteirista Diablo Cody, 37 anos, conta que o diretor “se preocupava mais com as personagens” do que ela. “Jonathan parecia como um pai falando sobre seus bebês. Fazer um filme com alguém assim é incrível”, conta ela, que revela ter se inspirado na sua sogra – ex-integrante de uma banda cover em Nova Jersey – para escrever o papel principal.
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Leia a matéria completa“Nunca escrevo imaginando quem poderia fazer determinada personagem porque sempre acho que meus roteiros não verão a luz do dia. Meryl Streep é um sonho.”
Um sonho com sacrifícios. Quando topou protagonizar “Ricki and the Flash”, a vencedora de três Oscar descobriu que teria de tocar guitarra ao vivo no filme, porque o cineasta não queria inserir dublagem na pós-produção.
Meryl passou meses ensaiando com um professor, mas seus primeiros três acordes na guitarra vieram da tutela de ninguém menos que Neil Young, amigo de Demme desde 1993, quando colaboraram pela primeira vez em “Filadélfia”.
Em outro momento do filme, Ricki toca uma canção de Bruce Springsteen, e a filha também participa cantando alguns trechos.
“Não toco nada de verdade, mas amo cantar depois de virar três tequilas. Fico muito nervosa cantando na frente das pessoas e Jonathan escolheu os segundos que estou afinada”, brinca Mamie.
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