A refilmagem da Disney do original “Meu Amigo, o Dragão”, uma alegremente bagunçada mistura de “live action” com animação feita à mão centrada na amizade entre um garoto órfão e um dragão de desenho animado, é, se não mais nada, um imenso avanço tecnológico em relação ao filme de 1977. Agora realizado em computação gráfica e em 3D, o monstrinho atualizado parece um gigante filhote de estimação com asas. Nas sequências de ação, Elliott, como o dragão é chamado, se encaixa naturalmente – e, posso acrescentar, de maneira muito mais plausível – ao novo Pete (Oakes Fegley), que nessa versão é uma criança feral que é resgatada e criada pelo monstro que dá título ao filme depois de ver seus pais morrerem em um trágico acidente de carro nas matas do noroeste da costa do Pacífico.
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É isso mesmo que você leu: “Meu Amigo, o Dragão”, cujo público alvo parece ser a população com até 10 anos de idade, começa com mamãe e papai (Esmée Myers e Gareth Reeves) mortos em um automóvel capotado, enquanto seu filho de cinco anos olha ao redor desamparado e, deve ser observado, com um autocontrole estranhamente não convincente.
Apesar do visual vastamente melhorado, o novo filme é tão coração mole – e, infelizmente, tão tolo – quanto o anterior. A história dos esforços de Pete para salvar Elliott (mais pai adotivo do que animal de estimação), depois que madeireiros descobrem o bucólico covil que os dois vinham dividindo há seis anos, “Meu Amigo, o Dragão” cai na mesma suscetibilidade a respeito do mundo natural que aflige muitos filmes sobre adoráveis carnívoros.
Enquanto se mostra que Pete sobreviveu de cogumelos, por exemplo, o que Elliott come, se é que come alguma coisa, é um mistério. Ele – ou devo dizer “aquilo”? – inexplicavelmente dispensa refeições potenciais de carne de boi, de urso e de coelho, aparentemente porque qualquer reconhecimento da existência da cadeia alimentar seria perturbador demais para seu público alvo. Apesar de ser de o tamanho de um caminhão carreta, Elliott parece ter o metabolismo de um instrutor de yoga de 55 quilos.
Ah, mas é mágico
Ainda se esse fosse o caso. Enquanto “Meu Amigo, o Dragão” faz um bom trabalho de evocar o deleite que alguém possa sentir voando sobre colinas e vales nas costas de uma criatura mitológica, é menos bem sucedido em produzir emoções humanas reais. Interpretando o casal que encontra Pete, e que tem esperanças de levá-lo consigo e civilizá-lo, Wes Bentley e Bryce Dallas Howard são caricaturas unidimensionais de amável preocupação parental. E, no papel do grande e malvado madeireiro que quer capturar Elliott e aparentemente transformá-lo em uma atração estilo King Kong, Karl Urban é tão exagerado quanto Cruella de Vil.
Talvez seja por isso que o diretor David Lowery e o co-roteirista Toby Halbrooks ambientaram o filme no que parece ser os anos 70 ou 80, com telefones de disco e tudo. “Meu Amigo, o Dragão” pode ser cheio de tecnologia, mas em seus instintos de contar histórias ecoa tempos muito menos complicados, quando alguém podia diferenciar os mocinhos e os bandidos a quilômetros. Nossas expectativas para filmes infantis não eram apenas mais simples então, mas menores.
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