O cineasta iraniano Abbas Kiarostami, que estava em tratamento na França por conta de um câncer no intestino, morreu nesta segunda-feira (4) em Paris. Ele tinha 76 anos e se instalou na capital francesa para se submeter a cirurgias há cerca de um mês.
Kiarostami era o diretor mais premiado em seu país e se dividia entre Irã e França, que costumava produzir seus trabalhos. Seu último filme lançado foi “Um Alguém Apaixonado”, em 2012, totalmente rodado no Japão e falado em japonês. Outros longas de destaque são Gosto de Cereja (1997), que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes e “Cópia Fiel” (2010), com Juliette Binoche, além de “O Vento Nos Levará”, de 1999, pelo qual ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza.
Carreira
Abbas Kiarostami nasceu em Teerã, capital do Irã, em 1945. Estudou artes plásticas na universidade, antes de começar a trabalhar como designer gráfico, e só começou a carreira no cinema aos 30 anos, quando se uniu ao Kanun, o centro de desenvolvimento intelectual de crianças e jovens, onde dirigiu o departamento de filmes.
Deste então, tornou-se uma das figuras centrais na cultura do país. Estava no país quando eclodiu a Revolução Iraniana, em 1979, que instaurou um regime religioso islâmico no país -e, diferente de seus colegas, decidiu permanecer lá após a mudança.
Segundo o jornal britânico “The Guardian”, Kiarostami costumava dizer que era “uma árvore enraizada” que, quando muda de lugar, não dá mais frutos.
Seu primeiro grande reconhecimento internacional foi em 1987, com “Onde Fica a Casa do Meu Amigo?”. O longa sobre uma criança que precisa devolver a um amigo um caderno que pegou por engano – e que resulta na expulsão do colégio desse amigo –, venceu o Leopardo de Bronze no Festival de Locarno, na Itália.
Kiarostami continuou filmando no Irã até o recrudescimento da repressão sob o governo de Mahmoud Ahmadinejad. Alguns de seus últimos filmes, “Cópia Fiel” (2010) e “Um Alguém Apaixonado” (2012) foram rodados na Itália e no Japão, respectivamente. “Cópia Fiel” deu a sua protagonista, Juliette Binoche, o prêmio de melhor atriz em Cannes.
Kiarostami deixa duas filhas: Ahmad e Bahman, documentarista. Ambas são fruto de seu primeiro casamento, com Parvin Amir Gholi, de quem se divorciou em 1982.
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