Durante muito tempo o boxe foi um esporte que mobilizava multidões. O declínio como entretenimento de massa começou na década de 1990 e hoje aquela que era chamada a “nobre arte” perdeu espaço para os MMAs da vida.
No cinema, porém, o fascínio pelo esporte não se esgotou e, de tempos em tempos, diretores apostam em histórias de lutadores e suas superações. O mais novo representante dessa safra, “Nocaute”, chega aos cinemas nesta quinta-feira (10) esbanjando vigor e mostrando que, pelo menos na tela, o gênero está longe de sucumbir.
Dirigido por Antoine Fuqua (“Dia de Treinamento”), “Nocaute” se apresenta ao espectador com um direto no queixo. Os primeiros 40 minutos de filme são avassaladores. É quando acompanhamos a descida ao inferno de Billy Hope (Jake Gyllenhaal), um boxeador casca grossa que alcançou o estrelato após crescer em um orfanato. No ringue, sua tática é deixar-se agredir até que a raiva se acumule a ponto de derrubar o adversário. Nas palavras do próprio boxeador, foi esse estilo que lhe garantiu fama, fortuna, uma mansão e carros de luxo.
Do ringue para as telas
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Leia a matéria completaA mulher, Maureen (Rachel McAdams), não suporta mais as dores do marido e pede que ele dê um tempo. É quando irrompe uma tragédia inesperada, que faz Billy rapidamente perder tudo o que tem. Como em uma luta, o espectador é empurrado para as cordas e golpeado seguidamente. A câmera de Fuqua foca na dor, com closes de ferimentos, hematomas, no sangue (muito sangue) e na expressão castigada de Gyllenhaal.
O ator, que ganhou sete quilos para interpretar o personagem, é o dono de “Nocaute”. Um dos grandes injustiçados do último Oscar, quando sequer foi indicado pelo cinegrafista inescrupuloso de “O Abutre”, Gyllenhaal novamente se candidata ao prêmio.
Com uma atuação monstruosa, consegue imprimir raiva, dor, angústia e energia a um personagem não-linear. E encontra em Rachel McAdams uma parceira à altura, proporcionando juntos alguns dos melhores momentos do filme.
Em sua segunda parte, “Nocaute” perde um pouco da força. É a hora de tirar o público das cordas e começar o processo de redenção de Billy, quando ele encontra Tick Willis (Forest Whitaker), um treinador aposentado que será o responsável por reerguer o boxeador. Apesar de alterar o ritmo e seguir uma fórmula já bastante conhecida, a narrativa se segura até o final.
Poderia ser uma vitória arrasadora, por nocaute, mas acaba sendo uma conquista por pontos. Com méritos, em particular um diretor competente e um ator fora de série. Graças a eles, a combinação boxe e cinema segue firme, negando-se a jogar a toalha.
Assista ao trailer do filme: