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Heather O’Rourke vive a menina que se comunica com espíritos. | Divulgação
Heather O’Rourke vive a menina que se comunica com espíritos.| Foto: Divulgação

Se existe um filme cujas lendas criadas em seu entorno deveriam inibir qualquer tentativa de remake, este é Poltergeist: O Fenômeno, que estreia neste fim de semana. Dois dos atores, Dominique Dunne e Lou Perryman, foram assassinados de forma cruel, e a garotinha Heather O’Rourke, que se comunicava com os espíritos, foi vítima de uma doença misteriosa seis anos depois.

Veja no Guia onde assistir ao filme.

Isso não assustou o suficiente o diretor Gil Kenan e o roteirista David Lindsay-Abaire, dupla ainda à espera de um estouro no mercado cinematográfico. Sob a produção de Sam Raimi, eles atualizam o clássico do terror sem muita criatividade, uma tonelada de boas intenções e algumas breves mudanças. Kenan tem no currículo a divertida animação A Casa Monstro, lançada em 2006, e surge como o sujeito certo para revisitar um clássico do subgênero “casa mal-assombrada” sem parecer piegas.

Poltergeist estabeleceu diversos padrões quando o assunto são residências nas quais as atividades paranormais parecem gravitar – e às vezes levam seus moradores à loucura. Não é exatamente o caso em Poltergeist, mas isso é bastante explorado em outro clássico, Horror em Amityville, que saiu três anos antes. Amityville, é bom lembrar, ganhou um remake há dez anos, um filme pavoroso estrelado por um Ryan Reynolds ainda antes de ser alçado a estrela de comédias românticas. O longa foi um fracasso retumbante, mas os mais de dez anos de distância parecem ter enchido o razoavelmente experiente Sam Raimi de coragem a ponto de decidir seguir em frente com a nova adaptação.

O grande problema é que Poltergeist não era um filme comum – e não apenas pela aura assombrada que o rodeia desde 1982. O longa faz parte da cultura pop mundial de forma tão retumbante que, veja só, foi transformado até em uma pegadinha do programa de Silvio Santos, no SBT, recentemente. Na “brincadeira”, estava presente a televisão mal sintonizada e a árvore que se alimenta de criancinhas. Tudo parte do ícone que é Poltergeist hoje.

Gil Kenan e David Lindsay-Abaire fazem desse remake uma grande homenagem. Inserem ali diálogos inteiros retirados do original. “Eles estão aqui”, já dizia a pequenina Carol Anne Freeling (interpretada por Heather O’Rourke). Assim o faz Madison Bowen (vivida por Kennedi Clements). Ambas colocam as mãos no televisor da sala para se comunicarem com os espíritos. A diferença está na tecnologia.

A nova versão, muito mais politicamente correta e careta de Poltergeist, é lisonjeira, mas não passa disso. E que a maldição passe longe desta vez.

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