O pequeno Tommy já sabe o que quer de presente de Natal. O garoto, atarracado e com formas arredondadas, cabelos vermelhos esvoaçantes, verifica a brasa debaixo de uma pequenina churrasqueira. Papai Noel, o próprio, encontra-se algemado, sobre o calor do fogo, e com olhar assustado. Cuidado, você está entrando na estranha mente criativa de Tim Burton, cineasta e artista dono de um dos estilos mais icônicos e pop da atualidade. E, dentro desse pequeno manicômio de sensações e sentimentos, é normal ser tragado e levado com eles.
“O Mundo de Tim Burton”, enfim, abrirá suas portas (ou sua cabeça, de forma quase literal) na próxima quinta-feira, dia 4, no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, com a perspectiva de se tornar a segunda mostra mais visitada do museu pop, possivelmente atraindo 140 mil visitantes até 15 de maio – a campeã é a exposição dedicada ao programa Castelo Rá-Tim-Bum e seus 410 mil visitantes em sete meses. O próprio Burton virá ao país.
Diretor decidirá vencedores de concurso de arte
Tim Burton só confirmou recentemente que estará no Brasil para participar da exposição e se encontrar com fãs. Não estará na pré-estreia (dia 3) ou na noite de abertura (4), mas estará na mostra, na semana seguinte, dias 10 e 11. Na quarta-feira, haverá uma nova “noite de abertura” com a presença do cineasta de 57 anos. No dia seguinte, ele participará de sessão de cinema com filme dele escolhido pelos fãs em enquete no site do MIS, e baterá papo com o público.
O jornal O Estado de S.Paulo revelou que Burton também será jurado de uma ação promovida pelo museu, na qual os fãs do cineasta foram encorajados a enviar vídeos de um minuto de duração ou desenhos inspirados na arte do americano. O MIS recebeu 700 inscrições, escolheu dez de cada categoria; o próprio Burton decidirá os vencedores e fará o anúncio na quinta, dia 11, no encontro com fãs.
A perturbadora ilustração do guri Tommy, provavelmente o próprio Tim, e Papai Noel prestes a se tornar churrasquinho é uma das primeiras exibidas na exposição. Entra-se pela boca do monstro-Burton para chegar ao cérebro do cineasta e artista. É tudo lúdico. Ao longo do primeiro corredor, reuniram-se referências – maquetes, desenhos, ilustrações e até rabiscos em páginas de jornal – com a temática de terror. Aos poucos, viaja-se por todos os estados de espírito do artista. Os visitantes seguirão pelo humor, encontram a alegria, sofrem o choque da melancolia e angústia, e chegam à interessante sala dos projetos não realizados. Há uma maquete da casa onde morou Burton, localizada atrás do letreiro de Hollywood.
Por fim, o local mais esperado pelos fãs é o da filmografia de Burton, dos seus primeiros curtas, no início da década de 1980, passando por toda a sua produção icônica com Os fantasmas se divertem (1989), Batman (1989), Edward Mãos de Tesoura (1992), O estanho mundo de Jack (1993), Marte ataca! (1996), Peixe grande (2003), A noiva cadáver (2005), Sweeney Todd (2010), Alice no País das Maravilhas (2010) e Frankenweenie (2012).
A exibição iniciou a turnê pelo mundo em Nova York, no MoMA, em 2009, rodou Melbourne, Toronto, Los Angeles, Paris e Seul. Voltou em 2012, passou por Praga, Tóquio, Osaka e Brühl (Alemanha) até a chegada ao Brasil. Cerca de 300 pessoas trabalham na montagem física de “O Mundo de Tim Burton” desde 11 de janeiro.
Apressada, encontrando ocasionalmente a reportagem, desviando de quadros e maquetes de Burton, a curadora da exposição desde o seu início, Jenny He, entende que a mostra vai a fundo na personalidade de Burton como artista – não apenas como cineasta – e na capacidade de gerar sentimentos com sua arte. “Acho que, para ele, é desconfortável que estejamos dentro da cabeça dele”, ela avalia. “Mas nossa ideia é que as pessoas possam sentir as mesmas emoções que inspiraram cada uma dessas 500 peças”, acrescenta.
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