Spud, Renton, Sick Boy e Begbie mostram em que pé suas vidas estão 20 anos após os acontecimentos do primeiro filme.| Foto: Reprodução/

A esperadíssima sequência de “Trainspotting” já tem trailer oficial e, com apenas poucos minutos de imagens, já é possível dizer que a obra de Danny Boyle é uma das principais que o cinema produziu em 2016. Ambientado 20 anos após a história do original, “T2” parece propor respostas para as ânsias dos personagens. A estreia no Reino Unido é estimada para 27 de janeiro de 2017 e, no Brasil, é esperada para o mês seguinte.

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O trailer do primeiro filme, assim como a sequência de abertura, mostrava o protagonista Mark Renton em um dos offs mais repetidos na década de 1990. Enquanto ele, interpretado por Ewan McGregor, corria ao lado do amigo Spud (Ewen Bremner) com “Lust for Life”, de Iggy Pop, de trilha sonora, ele recitava: “Escolha a vida. Escolha um emprego. Escolha uma família. Escolha uma p... televisão, escolha máquinas de lavar, carros, tocadores de CDs e abridores de lata elétricos. (...) Escolha seu futuro. Escolha a vida”. E termina: “Eu escolhi não escolher a vida. Eu escolhi outra coisa. E as razões? Não há razões. Quem precisa de razões quando você tem heroína?”

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É certo que ao longo do primeiro filme Renton e os amigos viciados na droga aprendem uma coisa ou outra sobre as consequências de suas escolhas. (vamos evitar muitos spoilers para as novas gerações). Mas, agora quarentão, o protagonista volta a Edimburgo com algumas certezas e para reencontros com a turma com quem dividia as agulhas, esquemas e os lençóis – além de Spud, Sick Boy (Jonny Lee Miller), Begbie (Robert Carlyle) e Diane (Kelly Macdonald) estão de volta.

No novo trailer, ao som de ‘Born Slippy’, do Underwold, o protagonista faz uma interessante mistura de discursos de passado, presente e futuro (uma obsessão para ele) e, apesar de manter velhos hábitos, como mostram as cenas de fundo, ele adota um discurso amadurecido e até otimista. Ou seria ironia?

“Escolha a vida. Escolha o Facebook, Twitter, Instagram e espere que alguém em algum lugar se importe. Escolha procurar antigas paixões e desejar que tivesse feito tudo diferente. E escolha assistir à história se repetir”, diz no trailer. “Alivie a dor com altas doses de drogas desconhecidas feitas na cozinha de alguém e então respire fundo. Você é um adicto. Então seja viciado. Mas seja viciado em outra coisa. Escolha aqueles que você ama. Escolha seu futuro. Escolha a vida”, finaliza.

Briga e atualização

Baseado no livro homônimo de 1993, estreia de Irvine Welsh, , o primeiro filme foi produzido ainda durante a febre do lançamento. Nove anos depois, o autor escocês revisitou sua obra, contando como andavam as vidas de seus protagonistas em “Porno”. Em 2002, é bom lembrar, ainda não havia Facebook, muito menos Instagram.

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Seria natural que Boyle e equipe não demorassem para produzir a tal continuação. É que a chegada do novo livro de Welsh coincidiu com um momento azedo entre o cineasta e Ewan McGregor, que durou dez anos. Boyle escalou Leonardo DiCaprio como protagonista de “A Praia” (2000), papel que McGregor entendeu que seria dele. Até então, ele tinha estrelado todos os filmes produzidos por Boyle. Além de “Trainspotting”, fez “Cova Rasa” (1994) e “Por Uma Vida Menos Ordinária” (1997).

Ambos admitiram que se comportaram mal durante e após o episódio e conseguiram se entender há alguns anos. “Me arrependo de todos os filmes que não fizemos juntos nesse período”, disse McGregor em entrevistas recentes.

Com a produção ‘atrasada’ em quase 14 anos, fazia sentido acrescentar termos que são a cara dos anos 2010. Além das redes sociais, Renton cita “slut shaming” (humilhar alguém por conta de seu comportamento ou vida sexual) e revenge porn (pornografia da vingança, quando um parceiro divulga fotos e vídeos íntimos após o término de um relacionamento). É esperar para ver se as questões da versão envelhecida do personagem também vão encontrar eco em 2017. Já sabemos que ninguém mais quer escolher tocadores de CDs.