No início de “O Último Virgem”, o protagonista Dudu (Guilherme Prates) tem um sonho felliniano recorrente: está cercado por um mar de mulheres, que expressam seu desejo em olhares lascivos e biquinhos. Acaba caindo nos braços da deslumbrante Fiorella Mattheis. A fantasia é interrompida pela mãe (Lisandra Souto), que participa de uma sequência escatológica nos moldes de “American Pie”.
Em uma sessão em que o nome do filme fosse mantido em segredo, esses primeiros minutos já seriam indicativo suficiente para determinar o caráter do longa-metragem inspirado na peça teatral do carioca Lipy Adler, que também assina o roteiro ao lado de L.G. Bayão. A direção é de Rilson Baco e Felipe Bretas.
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O caso é que não dá para dourar muito a pílula: o filme não acerta em absolutamente nenhum aspecto. Com a desculpa de fazer um bem-humorado retrato de sexualidade e afetividade adolescentes, o texto recorre a clichês pesados, de décadas de idade. É de um cansaço sem fim enfrentar sua hora e meia de duração. Não é possível que ainda considerado engraçado ver o jovem de óculos e, claro, tachado como nerd, em ‘altas aventuras’ em pleno desabrochar sexual.
Pois Dudu é apresentado desta maneira. O nerd da turma liderada por Escova (o próprio Adler, um tanto ‘maduro’ demais para o papel). Completam o grupo o gordinho descolado (Éverlley Santos) e o ‘alternativo’ (Christian Villegas), que nada mais é do que adepto de alteradores de humor. Ele é o único inexperiente e fica em parafuso quando a professora Débora (Fiorella, do sonho erótico dos créditos iniciais) faz um convite que os amigos entendem como o início do fim de sua virgindade.
Tem início então uma corrida desesperada para prepará-lo para sua ida à casa de Débora. A melhor amiga (Bia Arantes) observa tudo com uma certa irritação, mas está envolvida demais com os próprios planos com o namorado (Marco Antonio Gimenez, outro caso de escalação em que a idade do personagem foi completamente ignorada). Dudu faz depilação e procura treinar com prostitutas, colegas de escola e até turistas alemãs. Um “Depois de Horas” de Copacabana.
A impressão é que os produtores tentam se inspirar um pouco em “Superbad” e o já citado “American Pie”. Se os pretensos equivalentes americanos (sobretudo o primeiro) têm seu valor cômico, “O Último Virgem” se perde em piadas desatualizadas, um texto que tenta fazer um humor pastelão de contextos homoeróticos e do comportamento feminino. Seu enredo previsível, direção pouco criativa e elenco canastrão, que começou em sua maioria em “Malhação”,são outros elementos que desanimam.
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