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Marcos Veras e Débora Falabella vivem pais em crise após o nascimento do filho com Síndrome de Down | Rosano Mauro Jr/Divulgação
Marcos Veras e Débora Falabella vivem pais em crise após o nascimento do filho com Síndrome de Down| Foto: Rosano Mauro Jr/Divulgação

Com a difícil tarefa de produzir um filme baseado em um livro ganhador do prêmio Jabuti, o cineasta Paulo Machline (diretor de “Trinta”, cinebiografia do carnavalesco Joãozinho Trinta) e o roteirista Leonardo Levis conseguiram construir uma produção emocionante na medida certa.

Adaptado da obra de Cristovão Tezza (catarinense radicado em Curitiba), “O Filho Eterno” expõe corajosamente os dilemas e frustações da paternidade. Na trama, Claudia (Débora Falabella) e Roberto (Marcos Veras) são pais de Fabrício, uma criança com Síndrome de Down.

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Ao contrário do livro, um marco de autoficção ganhador de todos os prêmios de literatura entre 2007 e 2008, que narra a rotina “feliz” de um escritor e professor universitário até a chegada do primogênito com Down, o filme se concentra na evolução da relação dos pais com a criança: de um lado a frustação dos pais; do outro, a inocência da criança, seja ela do jeito que for. Desta forma, a adaptação é capaz de imergir em uma situação comum a grande parte do público: afinal, nem todos podem ser pais, mas todos são filhos.

Futebol

Outro elemento comum ao livro é o futebol. Machline trocou a paixão do filho pelo Atlético Paranaense, contada no livro, pela seleção brasileira de futebol. “Para universalizar esta história e permitir que a identificação com o público”, justificou o diretor em entrevista à Gazeta do Povo. A produção conseguiu coordenar como fio condutor as Copas do Mundo de 1982, 86, 90 e 94. Quase como uma analogia, as derrotas da seleção permeiam as expectativas e as decepções de Roberto quanto ao filho.

O filme fala de um pai que projeta todas as expectativas de mudança de vida no nascimento do filho. E quando o filho nasce é uma grande decepção

Paulo Machline diretor de “O Filho Eterno”

Diferenças

Assim como todas as adaptações cinematográficas, “O Filho Eterno” vai sofrer, inevitavelmente, comparações. E quanto a isso, haverá distorções. Mas vale a pena assistir. É um drama sem exagero, que toca sutilmente o espectador levando-o a pensar.

Tezza reconhece que o filme é uma releitura e não pretende ser uma transposição da sua história. “É preciso mudar o foco quando se vê um filme adaptado – quem procura ver fielmente o livro na tela sempre sairá frustrado”, diz. Machline parte do livro e chega a outro lugar, além das inquietações do pai e ao encontro da realidade dos espectadores.

Literatura e cinema são artes bastante próximas, e sofrem influência recíproca

Cristovão Tezza escritor, autor de “O Filho Eterno”

Curitiba eternizada

O Largo da Ordem, o Hospital Militar, o Hospital Piraquara (desativado em 2014) e o bar Ao Distinto Cavalheiro foram alguns dos cenários eternizados no filme. Mesmo sob o comando de uma grande produtora internacional, a RT Features, Machline quis valorizar a “aura” retrô da capital paranaense. Rodado todo em Curitiba, no começo do ano, o filme contou com atores e com produção de apoio local. “Foi a melhor escolha, porque eu queria fazer algo que fugisse do eixo Rio-São Paulo e Curitiba é excelente local para produções cinematográficas”, conclui o diretor.

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