Nenhum autor brasileiro foi mais lido no país ao longo da última década que o médico psiquiatra Augusto Cury. São mais de 25 milhões de livros vendidos apenas no Brasil, entre obras específicas sobre psicologia e romances que usam histórias de ficção para estimular a reflexão e o autoconhecimento. Ou simplesmente autoajuda, termo que faz muita gente torcer o nariz. Mas isso pouco importa para seus milhões de leitores, que a partir desta semana deverão se tornar também espectadores. Chega aos cinemas “O Vendedor de Sonhos”, primeira adaptação para as telas da obra do best-seller.
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Lançado em 2008, “O Vendedor de Sonhos” se tornou um fenômeno ao contar a história do Mestre, um homem que vive nas ruas e conquista seguidores com discursos críticos ao consumismo, ao individualismo e às grandes corporações. A obra ganhou duas sequências, igualmente bem-sucedidas, até chegar às mãos do diretor Jayme Monjardim (de “Olga” e várias produções para a TV Globo), que prontamente aceitou a proposta transpor a história para as telas.
Por telefone, Cury conversou com a Gazeta do Povo sobre sua obra e a adaptação para o cinema. Ele conta que não apenas participou da elaboração do roteiro, como também opinou sobre a escolha do elenco. Ainda assim, ficou apreensivo. “Era um sonho, mas ao mesmo tempo eu tinha receio, já que a maioria dos filmes acaba não representando os livros. Mas o que aconteceu foi incrível, fiquei muito feliz com a maneira como a história foi retratada”, revela.
Tínhamos a expectativa de que essa fosse a melhor geração da história e, na verdade, ela se tornou a pior. A sociedade moderna nos tornou altamente estressados, é uma fábrica de pessoas ansiosas. A humanidade tomou o caminho errado
Para o escritor, não se trata apenas de fazer um filme capaz de emocionar ou arrancar lágrimas da plateia. O fundamental, na opinião de Cury, é gerar “consciência crítica”. “O cinema precisa ser mais do que mero entretenimento. Mais do que efeitos especiais, precisamos de um cinema inteligente, capaz de mapear nossas loucuras e revisitar nossas próprias histórias”, afirma.
Reflexões bastante oportunas nos tempos atuais, em que, segundo o autor, “a sociedade se tornou um manicômio”, onde a maior parte do tempo é gasta com trabalho, consumo e relações superficiais. “Tínhamos a expectativa de que essa fosse a melhor geração da história e, na verdade, ela se tornou a pior. A sociedade moderna nos tornou altamente estressados, é uma fábrica de pessoas ansiosas. A humanidade tomou o caminho errado”, critica Cury.
“O Vendedor de Sonhos” promete ser apenas o primeiro de uma sequência de adaptações para as telas da obra do escritor. De acordo com ele, há projetos para transformar em filmes outros quatro títulos seus: “O Homem Mais Inteligente da História”, “O Futuro da Humanidade”, “Felicidade Roubada” e “Petrus Logus”. Todos com um objetivo em comum, garante o autor: “levar o espectador a fazer uma viagem para dentro de si.”
Um novo gênero cinematográfico
O cineasta Jayme Monjardim não conhecia a obra de Augusto Cury até chegar às suas mãos o primeiro roteiro de “O Vendedor de Sonhos”. Logo após a leitura, porém, o diretor já deu o veredito. “Fiquei apaixonado, estava ali uma história que eu queria contar”, disse em entrevista à Gazeta do Povo. Diretor e escritor se encontraram, tornaram-se amigos e juntos conceberam o filme que chega agora às telas.
Como em toda adaptação, há diferenças entre livro e filme. Monjardim conta que reuniu elementos dos três livros para compor a narrativa. O maior desafio, no entanto, foi adaptar as ideias do escritor para a linguagem cinematográfica. “Nesse caso, o protagonista é a palavra. É um livro que apresenta lições de vida, então, era preciso tomar cuidado para fazer isso de forma humana, não ficar apenas na autoajuda”, diz.
É um filme transformador, que leva uma mensagem para o público. Ele propõe uma leitura diferente, faz as pessoas irem para casa pensando o que devem mudar na vida
O escolhido para interpretar o personagem Mestre foi o uruguaio César Trancoso, que, apesar do sotaque castelhano, já fez alguns trabalhos no Brasil, como “O Tempo e o Vento”, do próprio Monjardim, e o longa curitibano “Circular”. Em “O Vendedor de Sonhos”, ele convence o psicólogo Júlio César (Dan Stulbach) a não se suicidar e se torna uma celebridade, por meio dos discursos motivacionais para plateias inusitadas.
Para o diretor, o filme inaugura um novo gênero na cinematografia nacional. “É um filme transformador, que leva uma mensagem para o público. Ele propõe uma leitura diferente, faz as pessoas irem para casa pensando o que devem mudar na vida”.
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