Filme de Boorman dá sequência à “Esperança e Glória” (1987).| Foto: Divulgação

Em 1987, o diretor inglês John Boorman, autor de filmes soberbos como “À Queima Roupa”, “Amargo Pesadelo” e “Excalibur”, realizou “Esperança e Glória”, história autobiográfica que mostrava a vida de Bill Rohan (seu alter-ego), um menino, em Londres, durante a Segunda Guerra Mundial.

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O pai alistou-se, deixando Bill com a mãe, a irmã adolescente e a irmã caçula. Para Bill e seus amigos, a guerra trazia muitas experiências. E brincar nos escombros é uma das mais deliciosas.

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“Esperança e Glória” é incomum, um dos filmes mais delicados já feitos. Tem uma linguagem clássica, mas enriquecida por dissonâncias do cinema moderno que o próprio Boorman ajudou a forjar nos anos 1960 e 1970.

Somente em 2014 surge sua continuação, “Rainha e País”, uma das estreias desta quinta-feira (25). O filme recomeça onde o antigo parou: em 1943, com garotos festejando a bomba que caiu sobre a escola (“Obrigado, Adolfo” é a fala marcante pronunciada por um colega de Bill). A descompromissada e irresponsável alegria das crianças.

Veja no Guia onde assistir ao filme

Salta para 1952. Bill agora tem 18 anos e é interpretado por Callum Turner. Apesar de morar numa ilha idílica do Rio Tâmisa, ele foi convocado pelo exército e deve se apresentar. Abandonar o paraíso para servir ao rei, durante a Guerra da Coreia, é a materialização de um pesadelo.

Bill tem de se virar sob ordens de oficiais rígidos e estúpidos. Tem a ajuda de seu melhor amigo Percy (Caleb Landry Jones), moço de temperamento explosivo. O principal rival dos rapazes é o primeiro-sargento Bradley (David Thewlis, arrasando no papel).

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Sempre que pode, Bill procura se aproximar da misteriosa Ophelia (segundo ele mesmo a batizou), garota mais velha, de olhar triste e penetrante. O tipo de mulher inacessível cuja conquista pode transformá-lo em herói. E ele a apresenta à família como um troféu, e a família tira proveito dessa frágil situação.

Os flertes de Bill e Percy constituem o grande atrativo do filme, ao lado das encrencas com a hierarquia do exército. As duas garotas que eles conhecem num concerto, Sophie e Peggy, surgem sempre nos momentos de alívio da tensão, e por isso são apresentadas de maneira leve e simpática.

Os oficiais, ao contrário, são tratados de maneira caricatural, grotesca. Mesmo a encenação assume ares mais pesados quando eles estão presentes. É uma boa indicação de como Boorman os via em sua adolescência.

O estilo é o mesmo do filme de 1987: episódios mais ou menos interligados com drama, comédia, aventura e algum saudosismo.

Oferecem, acima de tudo, cenas de uma grande sensibilidade para o comportamento humano, filmadas com uma justeza de tom raro de se ver hoje em dia.

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