Morgan Freeman e Diane Keaton vivem um casal que ignora estereótipos sobre sua idade.| Foto: Divulgação

Pense num filme que fale dos percalços que a vida impõe quando você envelhece ao lado de alguém, sobre a maneira como o mundo lida – e evita lidar – com as pessoas de uma certa idade e sobre o ambiente hostil da exploração imobiliária numa metrópole específica: Nova York.

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Assim é “Ruth & Alex”, um pequeno filme de grandes temas. Ele está em cartaz em Curitiba, veja no Guia onde assistir.

O casal que dá nome à história, vivido por Diane Keaton (70 anos) e Morgan Freeman (79), mora no bairro do Brooklyn há meio século. Quando decidiram se casar, uma relação inter-racial ainda era algo que chamava bastante atenção e uma casa no Brooklyn era qualquer coisa como se mudar para o meio do nada.

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Depois dessas décadas todas, o Brooklyn não parece mais tão longe assim e hoje o bairro foi adotado por escritores e outras figurinhas badaladas da cena artística nova-iorquina (o próprio Alex é artista plástico). Essa popularidade teve o efeito colateral de transformar a região num alvo de especulação imobiliária.

Ruth e Alex estão longe de estereótipos. Não são os velhinhos que esperam a morte chegar, nem agem como se a idade avançada fosse apenas um estado de espírito. Eles levam suas vidas com altos e baixos: curtem cinema, comida e sair com amigos; ainda se preocupam com dinheiro e trabalho. Aliás, como a maioria das pessoas.

A diferença é que são septuagenários. E aqui entram os percalços. (Toda idade tem os seus, não? A noção de que ser jovem é fácil e ser velho, em qualquer faixa etária, não é, soa absurda.) E esta é a maior qualidade do filme: ignorar estereótipos e preconceitos.

Os dois vivem num apartamento relativamente grande e com uma vista incrível, mas Alex tem cada vez mais dificuldade de vencer os lances de escada que levam até o quinto andar, sempre acompanhado da cachorrinha da família que também pena para subir os degraus. Orientados por uma sobrinha corretora (Cynthia Nixon, de “Sex and the City”), eles decidem vender o imóvel para viver num lugar que tenha ao menos elevador.

Assim o filme dirigido por Richard Loncraine (pouco conhecido) e escrito por Charlie Peters (idem) cria o cenário para mostrar como o casal lida com imposições da vida, do mercado imobiliário e deles mesmos.

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Embora não consiga ir fundo nos assuntos – talvez essa nem seja o objetivo –, a sensibilidade dos atores e o otimismo da história (um pouquinho exagerado mais para o fim) fazem de “Ruth & Alex” um bom filme despretensioso.