Filmes sobre culinária já podem ser considerados um gênero à parte. Na maioria das vezes, trazem histórias que relacionam o preparo de algum prato às emoções dos personagens. “Sabor da Vida”, filme japonês que estreia nesta quinta-feira (10), não foge à regra. Com o perdão dos trocadilhos, ele segue a mesma receita, mas tem um tempero a mais, um toque oriental que o faz ir além de um filme apenas simpático.
Sentaro (Masatoshi Nagase) é o proprietário de uma pequena loja que serve dorayakis, uma espécie de minipanqueca recheada com um doce de feijão. O negócio não é nenhuma maravilha: a clientela é formada basicamente por algumas estudantes que nem acham o quitute aquelas coisas. Mesmo assim, Sentaro está em busca de um auxiliar para a cozinha.
O anúncio chama a atenção de Tokue (Kirin Kiki), uma senhora idosa que pede, por favor, para ficar com o emprego. Diz ela que seu sonho sempre foi ter uma loja de dorayakis. Sentaro, porém, se recusa a contratá-la devido à idade avançada. Em uma última tentativa de convencê-lo, Tokue deixa uma amostra de sua pasta de feijão.
Mostra
“Sabor da Vida” foi exibido com sucesso na última Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro. O filme foi escolhido o melhor do evento na votação do público.
O que acontece a seguir é o que todos esperam: a simpática senhora conquista o confeiteiro pelo estômago, garante o emprego dos sonhos e a loja se torna um sucesso. Antes relutante, Sentaro vai cedendo e a relação entre os dois, se afinando. O fervor dos negócios aproxima uma terceira personagem, Wakana (Kyara Uchida), adolescente que frequenta a loja e faz amizade com os dois protagonistas.
De forma delicada, “Sabor da Vida” usa da culinária para retratar três gerações unidas pela solidão. Cada um a seu modo, Sentaro, Tokue e Wakana buscam atenção, companhia e alguma importância no mundo. Poderia ser um filme melancólico, mas a diretora Naomi Kawase consegue levar a narrativa com leveza, alternando humor com reflexão e beleza plástica.
Mais do que comida e solidão, “Sabor da Vida” é sobre preconceito, tristeza, envelhecimento e respeito. É daqueles filmes que, talvez ajudados pela sabedoria oriental, conseguem transformar simplicidade em grandeza.
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