Emily Blunt em “Sicario”.| Foto: Divulgação

O canadense Denis Villeneuve vem construindo uma carreira que parece ter como objetivo afirmar seu nome como competente realizador de filmes de prestígio no interior da máquina hollywoodiana.

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“Sicario: Terra de Ninguém” é mais um passo nessa direção. Assim como “Incêndios” (2010), o longa indicado ao Oscar que colocou Villeneuve no radar da indústria, e o celebrado thriller “Os Suspeitos” (2013), “Sicario” se alterna entre o suspense e o melodrama (disfarçado de tragédia), dirigindo-se enfaticamente a um desfecho-surpresa, de alto impacto.

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A primeira sequência já pretende “tirar o fôlego”. Emily Blunt vive uma agente da divisão antissequestro do FBI que participa de uma operação no Arizona. Em uma casa aparentemente abandonada, onde eles esperavam resgatar reféns, encontram dezenas de cadáveres emparedados.

O cenário de horror se repetirá algumas vezes. A personagem de Emily é convocada a uma operação para chegar ao poderoso chefão do cartel de drogas mexicano Manuel Diaz. A própria operação tem contornos misteriosos e sombrios, principalmente por conta da participação de um homem de passado desconhecido, interpretado por Benicio Del Toro.

Mas “Sicario” é como um frágil castelo de cartas, que depende fortemente de elementos como a fotografia e a música para não se desmantelar.

Tanto o roteiro de Taylor Sheridan quanto a direção de Villeneuve não se sustentam com autonomia, e o uso exagerado da música se torna um dos elementos que chamam a atenção para a fragilidade do filme e seu imenso esforço em construir uma expectativa que não se cumpre.

A questão mais problemática, no entanto, está no caráter fortemente apelativo da trama, que observa com ar escandaloso e uma suposta “isenção política” os horrores do cartel do tráfico mexicano – transformando-o em uma encarnação do mal sobre a Terra que só poderia ser enfrentado por um mal de proporção semelhante.

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