Trilha sonora de “spy jazz” é um caso à parte e inclui até Tom Zé

Fica claro nos primeiros minutos que “O Agente da U.N.C.L.E.” é um filme de Guy Ritchie (“Snatch – Porcos e Diamantes” e “Sherlock Holmes”): câmera acelerada, a trilha sonora descolada e o visual retrô-moderninho. O humor da série de tevê também se destaca no filme, porém com o toque sarcástico e debochados dos filmes de Ritchie e assim lembra as produções mais escrachadas com Roger Moore na franquia “007”.

Ritchie sabe filmar cenas de ação, escolher locações e a música certa para a cena certa. Aqui, porém, parece feliz em não ir muito além da diversão despretensiosa. E consegue mandar bem, dentro desses limites. Ainda que com alguns personagens meio caricaturais (a mocinha e a vilã), o filme tem o ritmo ágil das propagandas hipster de cerveja e um punhado de boas sacadas no roteiro e nos diálogos.

Passado na Europa dos anos 60, a direção de arte recria o mundo da época, com os rigores da cortina de ferro ou com o glamour cool dos milionários na costa italiana – de modo quase ascético, como o editorial de moda.

A trilha sonora é um caso à parte: uma seleção de músicas espetaculares com destaque para “Jimmy Renda-se”, de Tom Zé, e temas de spy jazz, subgênero do jazz orquestrado por nomes como Henry Mancini e Quincy Jones. Ainda que não deva entrar na lista das maiores duplas da história, o par formado por Armie Hammer e Henry Cavill funciona de um modo, digamos, correto. Pensando bem, esta definição pode ser estendida para todo o filme.