Radicado em Nova York desde os anos 90, o jornalista curitibano Guto Barra, em parceria com o produtor e diretor musical Béco Dranoff, fez do documentário Beyond Ipanema, que será exibido hoje pela primeira vez em Curitiba, às 20 horas, na Cinemateca, um rico painel sobre o impacto da música brasileira no mercado internacional, sobretudo nos Estados Unidos.
Na tese defendida por Barra, endossada por entrevistados como os compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil e o jornalista Ruy Castro, o marco inicial dessa onda que se ergueu no mar não foi a bossa nova, mas a ida de Carmen Miranda primeiro para a Broadway (distrito teatral de Nova York) e, depois, para Hollywood. Já uma estrela consagrada no Brasil, a cantora e atriz apresentou os ritmos brasileiros a plateias do resto do mundo.
Beyond Ipanema tem uma edição ágil e não cronológica, assinada por Barra e pela também paranaense Lilka Hara. A montagem é um dos acertos do documentário, que se sai muito bem quando discute a Tropicália com destaque para o impagável depoimento de Tom Zé, resgatado do ostracismo na década de 90 pelo músico norte-americano David Byrne, líder dos Talking Heads. Mesma sorte não tem o segmento dedicado à bossa nova e suas reinvenções, que reserva um espaço demasiadamente grande à cantora Bebel Gilberto, cujo trabalho recebe mais atenção que o do próprio pai, o cantor João Gilberto, um dos inventores do gênero.
Esse deslize, contudo, é compensado tanto pela atenção dada pelo filme à música pop brasileira contemporânea de grupos como Cansei de Ser Sexy (CSS), Garotas Suecas e o curitibano Bonde do Rolê, todos mais conhecidos no exterior do que aqui. Também ótimo e muito emocionante é o segmento dedicado ào grupo Harlem Samba, conjunto de ritmistas surgido em uma escola de ensino médio no bairro nova-iorquino do Harlem, de maioria negra. GGG
Serviço:
Beyond Ipanema. EUA/Brasil, 2009. Direção de Guto Barra e e Béco Dranoff. Hojé, às 20 horas, na Cinemateca de Curitiba (Rua Carlos Cavalcanti, 1.174 Sao Francisco), (41) 3321-3252.
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