Alguns diretores costumam dizer que seus filmes só se revelam verdadeiramente na montagem. Um dos montadores que contribuíram para "revelar" algumas das obras mais significativas do cinema brasileiro é o curitibano Mauro Alice, que morreu no último dia 23 de novembro, aos 85 anos, de leucemia.
Formado em química industrial, iniciou sua trajetória no cinema na Companhia Cinematográfica Vera Cruz, montando os filmes de Mazzaropi. Ao todo, participou de 57 títulos, entre eles Noite Vazia, de Walter Hugo Khouri; O Beijo da Mulher Aranha e Carandiru, de Hector Babenco, e Vereda da Salvação, de Anselmo Duarte.
Este último, aliás, é um dos quatro filmes que a Cinemateca de Curitiba exibe hoje em tributo ao montador. A sessão quadrúpla tem início com A Primeira Missa (1960), do paulista Lima Barreto, baseado na crônica "Nhá Colaquinha Cheia de Graça", de Nair Lacerda, que aborda a vocação religiosa, pela qual Alice ganhou o prêmio Saci de Melhor Montagem, em 1961.
Em seguida, serão exibidos o paranaense Maré Alta (1968), de Eugenio Carlos Coutin, sobre uma família de piratas habitantes de uma ilha isolada, com cenas gravadas na Baía de Paranaguá, e Vereda da Salvação (1965), baseado em peça de Jorge Andrade, que narra o apego fervoroso de um homem do campo à religião como forma de libertação.
Os três longas serão antecedidos pelo curta Polaco do Nhanha (2001), dirigido pelo curitibano Eloi Pires Ferreira, sobre uma família de descendentes de poloneses que vai a uma apresentação de dança folclórica enquanto o avô disputa com a tevê a atenção do neto, fã do seriado O Vigilante Rodoviário.
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