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Richard Gere, muito jovem, encabeça o elenco de Dias de Paraíso: paisagens deslumbrantes | Divulgação
Richard Gere, muito jovem, encabeça o elenco de Dias de Paraíso: paisagens deslumbrantes| Foto: Divulgação

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Dias de Paraíso

Estados Unidos, 1978. Direção de Terrence Malick. Paramount/Livraria Cutura. Preço médio: R$ 19,90. Drama.

Quem assistiu e gostou, ou pelo menos ficou intrigado com A Árvore da Vida, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2011 e indicado ao Oscar de melhor filme neste ano, não pode deixar de ver Dias de Paraíso. O longa-metragem, lançado em 1978, e o último antes de o cineasta Terrence Malick se afastar das câmeras por duas décadas, é uma obra ímpar e hoje um clássico da produção norte-americana da década de 70.

A ação se passa no início do século 20, antes de os Estados Unidos passarem pelo grande boom de industrialização que transformaria o país em uma das grandes potências mundiais. Richard Gere (Bill), muito jovem e antes do estrelato, e Brooke Adams (Abby), hoje esquecida, vivem um casal de fugitivos da lei, que saem de Chicago e vão se esconder no interior do Texas. Eles são acompanhados pela irmã mais nova de Bill, Linda (Linda Manz), que narra a história.

Em uma deslumbrante paisagem de pradarias e planícies, a dupla encontra um inocente útil: um fazendeiro com os dias contados por conta de uma doença incurável, vivido pelo ator e dramaturgo Sam Shepard, que os acolhe e a quem contam que são todos irmãos. De olho em uma possível herança que não vai demorar muito a chegar às suas mãos, Bill convence Abby a se casar com o homem, visivelmente apaixonado por ela.

Os quatro vivem por algum tempo em um clima de aparente harmonia – os tais dias paradisíacos que dão título à história – mas essa ilusão vai ruir, porque foi construída sobre as frágeis fundações de uma mentira.

Narrado em tom contemplativo, traço recorrente na obra de Malick, o filme tem uma beleza de tirar o fôlego – tanto que deu ao cubano Nestor Almendros o Oscar de melhor fotografia. Mas não se trata se uma estética vazia, concebida com o único propósito de encher os olhos do espectador com deslumbrantes paisagens norte-americanas, obtidas graças à obstinação de Malick em usar apenas luz natural, com muitas cenas tendo sido rodadas na chamada "hora mágica", que sucede o pôr do sol. E tudo isso ao som de uma das mais inspiradas trilhas sonoras do compositor italiano Ennio Morricone (de A Missão e Era Uma Vez na América)

Há algo de profundamente perturbador nessa aparente beleza, porque somos cúmplices do engodo do qual é vítima o personagem de Shepard, chamado apenas de "o fazendeiro", tirando-lhe uma identidade mais definida. Sabemos que a trama é resultado de um engano, de um golpe.

Vencedor do prêmio de melhor direção no Festival de Cannes em 1979, Dias de Paraíso, que se chamou Cinzas no Paraíso quando lançado no Brasil, não tinha edição em DVD disponível no país até a Livraria Cultura se associar à Paramount para seu lançamento no mercado nacional. Já não era sem tempo. GGGGG

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