Londres Quando for publicada, em outubro, a continuação oficial do clássico infantil Peter Pan, de J.M. Barrie, não será a única adaptação do livro original a disputar a atenção dos leitores. A autora infantil Geraldine McCaughrean já terminou de escrever Peter Pan in Scarlet ("Peter Pan de Vermelho") e ofereceu as primeiras dicas sobre o que acontece com Peter e seus amiguinhos na ansiosamente aguardada sequência do livro original, de 1911.
O hospital infantil Great Ormond Street, de Londres, que desde 1929 detém os direitos autorais de Peter Pan, espera conseguir levantar dinheiro com a sequência oficial antes do fim de 2007, quando se esgota o prazo de seus direitos sobre o livro na União Européia. Mas o hospital vai enfrentar a concorrência de outras adaptações escritas nos Estados Unidos, onde o veto sobre o livro não se aplica.
A Disney já publicou uma história prévia a Peter Pan intitulada Peter and the Starcatchers ("Peter e os Caçadores de Estrelas"), e, no sábado, vai lançar mais uma adaptação, Peter and the Shadow Thieves ("Peter e os Ladrões de Sombras"), segundo o site www.peterandthestarcatchers.com.
"Acho lamentável o momento escolhido para esse lançamento, já que ele não vai beneficiar a seqüência oficial", disse McCaughrean, que foi escolhida entre 200 autores de livros infantis para escrever a sequência oficial. Mas a escritora confia que sua versão, que será publicada em 5 de outubro, fará sucesso junto ao público.
McCaughrean contou que conservou o maior número possível de personagens originais, incluindo o próprio Peter, Wendy, os Meninos Perdidos e a fada Sininho, e que a ação terá lugar na Terra do Nunca. Mas, indagada se o vilão Capitão Gancho vai voltar à cena, depois de ser visto pela última vez em Peter Pan sendo engolido por um crocodilo, ela respondeu: "Vocês terão que esperar para ver".
Representantes do Great Ormond Street Hospital dizem que McCaughrean manteve a integridade dos personagens originais, enquanto as outras versões tendem a deixar de lado os aspectos mais sombrios da história criada por J.M. Barrie. "O aspecto sombrio de Peter Pan sempre foi uma faceta interessante de sua personalidade, e o lado sombrio das pessoas sempre me interessou mais do que as aventuras heróicas alegres", disse a escritora.
Por exemplo, ela observou que Peter Pan "abate" os meninos na ilha quando eles parecem estar ficando velhos demais (para continuar sendo crianças). McCaughrean também disse que tem consciência das objeções feitas ao livro original, entre as quais figuram acusações de racismo e sexismo. "Não sou muito favorável à correção política e não acredito nela, mas este livro precisa ser visto como aceitável para muitas pessoas em todo o mundo", comentou. "É preciso pensar em muitas regiões, mesmo nos EUA, onde as pessoas são muito politicamente corretas, e é preciso tomar cuidado com isso."
O hospital Great Ormond Street disse que vai dividir os royalties de Peter Pan in Scarlet com a autora, e McCaughrean autorizou o hospital a ficar com os direitos autorais do livro. Na condição de guardião do original, o hospital, no mês passado, criticou o escritor britânico Alan Moore por ter lançado uma história em quadrinhos que inclui a personagem Wendy numa obra de ficção erótica. Moore descreveu seu livro Lost Girls como obra de "pornografia", e o Great Ormond Street disse que vai analisar se autoriza a editora do livro a distribuí-lo na Europa, se ela manifestar essa intenção.
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